Imagem de Dengue, Gestantes e a Ministra da Saúde 

Dengue, Gestantes e a Ministra da Saúde 

Imagem de Dengue, Gestantes e a Ministra da Saúde 

Dengue, Gestantes e a Ministra da Saúde 

Na semana passada, O PAICV acusou o governo do MpD de fracassar no quesito da saúde, particularmente no controle da epidemia de dengue que assola a capital. 

Ao dengue, somaram-se três tragédias: duas gestantes falecidas, na ilha do Sal e na cidade da Praia, ambas alegadamente por negligência médica; e o corpo de um bebé desaparecido no Hospital Agostinho neto, na Capital. 

 Por seu turno, a ministra da saúde acusou o PAICV de denegrir a imagem do sector. Lamentou as tragédias; garantiu um inquérito transparente aos serviços; mas pediu serenidade e confiança, enquanto aguardamos os resultados. 

O problema é que este governo já estourou o seu crédito de confiança junto do público – tal como, em 2016, o PAICV tinha estourado o seu.  

Ao longo de três mandatos, o governo do PAICV celebrou vitórias no domínio da saúde, negando a existência de qualquer problema – apesar das evidências; e das queixas dos cidadãos. Aliás, a reforma da saúde esteve no centro da proposta eleitoral do MpD em 2016. 

Antes de mais, é preciso especificar adequadamente a insuficiência dos serviços de Saúde em Cabo Verde. Por um lado, desde a Independência, o desafio da saúde pública foi cabalmente vencido. A vacinação infantil é universal; a esperança de vida é alta; erradicamos a cólera e a malária; e o numero de médicos por habitante está entre os dez mais altos a nível mundial 

Por outro lado, a explosão demográfica das ultimas décadas – aliada à mobilidade social e territorial da população – resultaram na explosão da procura por serviços de saúde. O desafio que agora se coloca é de excelência  organizacional. É este o desafio que estamos a perder. 

Continuamos ases no quesito da saúde pública: durante a pandemia, por exemplo, o Governo do MpD garantiu os decretos e os recursos necessários para gerir eficazmente a crise; e no final, para além de estatísticas confiáveis, tínhamos uma das taxas de mortalidade mais baixas do mundo inteiro.  

Mas vencer o desafio organizacional requer mais do que a implementação eficaz de medidas de emergência; requer um compromisso sustentado da governação com a saúde.  

Ironicamente, a degradação desse compromisso é uma consequência lastimável do advento da democracia em 1991. Sob a pressão de vencer eleições, a classe política transformou o acesso à saúde de compromisso do estado em ferramenta de campanha. 

Vencer o desafio organizacional no sector da saúde , requer uma vontade política inabalável por dinâmicas eleitorais. 

Infelizmente, a ausência trágica dessa vontade é continuamente ilustrada pelo teatro político em torno da saúde. Para a classe política, o fundamental não é a melhoria do sistema; e sim o aproveitamento eleitoral das suas realizações; e dos fracassos do adversário.