Imagem de Emigração, Desemprego e Demagogia  

Emigração, Desemprego e Demagogia  

Imagem de Emigração, Desemprego e Demagogia  

Emigração, Desemprego e Demagogia  

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, o número de cabo-verdianos desempregados diminuiu de 37 mil em 2016 para cerca de 21 mil em 2023 uma baixa de 15 mil desempregados. 

A Direção-Geral do Emprego anunciou logo, muito efusivamente, que Cabo Verde registou uma taxa de desemprego de apenas 8% o valor mais baixo de sempre.Segundo o MpD, este é o resultado direto das políticas de emprego promovidas pelo Governo. 

Contudo, os dados do INE também revelam uma redução no número de pessoas empregadas: de 209 mil trabalhadores, em 2016, passámos para 190 mil em 2023 uma saída de cerca de 19 mil trabalhadores da força de trabalho em sete anos. 

Conectando as duas cifras, percebemos a verdadeira tendência do mercado de trabalho cabo-verdiano: uma redução significativa da população ativa, em cerca de 34 mil trabalhadores. 

No que respeita especificamente à juventude, a taxa de desemprego é de 26%: 46 mil jovens entre os 15 e os 34 anos estão fora do sistema de ensino e sem emprego. As últimas sondagens revelam que 76% dos jovens inquiridos pondera emigrar em busca de trabalho. 

Não existe desconstrução mais eficaz da demagogia eleitoral cabo-verdiana do que a confrontação entre: 

  •  a promessa de criar 45 000 empregos em cinco anos, feita pelo MpD em 2016; 
  • e os discursos acrobáticos do Governo e dos seus capachos ideológicos, que enquadram o aumento da emigração como uma vitória no setor da mobilidade, ignorando cinicamente a persistência da estagnação económica que motivou esse aumento. 

Por outro lado, paralelamente ao elevado desemprego jovem, ouvimos queixas frequentes de empresas nacionais sobre a carência de quadros qualificados no mercado de trabalho. 

Ou seja, para além do desemprego, existe um desalinhamento entre as oportunidades presentes na economia cabo-verdiana e as estratégias públicas e privadas de formação académica e profissional. 

Em 2019, Miguel Monteiro, então Secretário-Geral do MpD, ainda teve coragem de afirmar que, a dois anos do final do primeiro mandato, havia tempo suficiente para o Governo cumprir a meta de criar 45 mil postos de trabalho. 

em 2025, a menos de um ano do final de um segundo mandato, nenhum dirigente do MpD se atreve a dizer que ainda há tempo para cumprir qualquer promessa muito menos em matéria de emprego. 

Neste momento, a única estratégia que resta ao Governo é tentar normalizar o desejo de emigração como uma constante na psique crioula; e celebrar a debandada geral de jovens como um triunfo do acordo de mobilidade negociado pelo MpD; e como uma demonstração da qualidade dos nossos profissionais. 

É evidente que esta demagogia conturbada em torno do emprego não é exclusiva do MpD. Na campanha de 2001, José Maria Neves prometeu uma taxa de crescimento do PIB a dois dígitos, o que resolveria, definitivamente, o problema do desemprego.  

Fracassou comprovadamente, ao longo de três mandatos. Mas isso não impediu que o eleitorado desse crédito às promessas mirabolantes de Ulisses Correia e Silva em 2016.  

E o mais provável é que o fracasso comprovado do MpD também não impeça o crédulo cidadão nacional de conceder o mesmo crédito malparado ao próximo demagogo que lhe prometer pleno emprego e prosperidade imediata.