50 anos depois da independência nacional, total e completa, o nosso país, São Tomé e Príncipe (STP), parece estar preso a uma espécie maldição que impede os sucessivos governos em definir prioridades e implementar ações governativas focadas em dotar o país soluções capazes de alavancar o seu contexto económico e social.
Da habitual morosidade e contradições da justiça à falta de transparência no modo como o atual executivo, liderado pelo Primeiro-Ministro Américo Ramos, lida, comunica e trata dos principais dossiers estruturantes para o regular funcionamento da economia e do nosso país, é cada vez mais dececionante poder constatar que, infelizmente, torna-se cada vez mais difícil acreditar que STP poderá, a breve trecho, entrar na rota de uma nação cujo os governos estão comprometidos com a causa pública, de olhos postos no futuro, com a boa governação e focados em transformar, para o melhor, a vida das pessoas.
As recentes notícias que dão conta dos problemas, contradições, má gestão e decisões controversas envolvendo o processo do alegado contrato ou pareceria público-privada da EMAE a um Grupo de investidores turcos, através da TESLA STP, para a produção de eletricidade, são a mais flagrante comprovação de como, infelizmente, toda a desorganização instalada em STP no pós-independência tem beneficiado alguns grupos de homens e mulheres bem identificados no nosso país. Apenas esses interesses, pouco republicanos, podem justificar o conjunto de decisões catastróficas tomadas ao longo de vários anos por diversos governos, que hoje colocam o nosso país quase de joelhos face à instabilidade de produção e distribuição energia elétrica.
O setor energético é vital para o desenvolvimento socioeconómico de qualquer país, e STP não foge à regra. Por isso, salvo melhor opinião, é difícil compreender como foi possível que, ao longo de várias décadas, vários governos, governantes, decisores políticos e gestores públicos tenham, de modo irresponsável e contraproducente, contribuído para a falência total de um setor sem o qual, nos tempos atuais, pode inexistir a soberania nacional.
Por isso digo: em 2026, os são-tomenses terão necessariamente de ser mobilizados pela coragem, pela verdade e pelo bem-estar coletivo.