O imobilismo crónico que parece ter tomado conta dos sucessivos Governos em São Tomé e Príncipe (STP) tem os seus tentáculos em todas as estruturas organizacionais e associativas do nosso país, independentemente de estas estarem na esfera da iniciativa privada ou gozarem da autonomia administrativa e financeira face ao Estado/Administração.
Um dos exemplos mais flagrantes e escancarados desse imobilismo – que nada mais é do que uma resistência quase irracional em promover mudanças, melhorias continuas e novas abordagens à gestão de uma organização – está escancarada aos olhos de todos os são-tomenses: na estrutura diretiva que vem dirigindo o futebol nos últimos anos em STP. Refiro-me, em concreto, à Federação são-tomense de Futebol (FSF), que nos últimos anos se transformou em tudo, menos numa entidade que tem como responsabilidade e missão dirigir o futebol nacional e, particular, no seu constante desenvolvimento e modernização.
Mas creio que o estado de penúria a que chegamos no nosso futebol não é mero acaso. É, na verdade, o reflexo das opções e jogatinas políticas de sucessivos governos de STP, que na verdade se revelam num conjunto de políticas dúbias, pouco claras e as vezes desconexas da realidade social e cultural do país. Políticas que se apresentam apenas como meros cosméticos para manter, sem substância, entretida a juventude e as restantes populações.
Sendo o futebol o desporto-rei, capaz de unir toda uma nação à volta de objetivos e propósitos que mantém viva a chama a pátria, da coesão e até da solidariedade entre os cidadãos, é difícil compreender como a atual direção da FST vem passando impune e pelos pingos da chuva ao crivo do poder político e da sociedade civil, apesar dos ciclos avassaladores de maus resultados, tanto na gestão corrente do próprio organismo como nas exibições e prestações da equipa principal da nossa seleção de futebol masculino.
Se o futebol é, de facto, uma das mais importantes manifestação e expressão cultural dos nossos tempos, especialmente quando pode ser aproveitado para formar bons homens e mulheres, com capacidade para inspirar na construção de uma sociedade que tem orgulho da sua bandeira, creio que urge que todos façamos algo no sentido de resgatar e salvar a chama que sempre nos uniu em torno do futebol em STP.
Se é verdade que em equipa que ganha não se mexe, creio ser igualmente certo afirmar que insistir no erro é uma escolha que, definitivamente, conduzirá o futebol são-tomense à desonra.