Tem sido notícia constante que, nos últimos anos, São Tomé e Príncipe (STP) tem a assistido a uma das maiores e mais significativas ondas de imigração alguma vez registadas, especialmente junto da população mais ativa: os jovens.
É verdade que, desde sempre, os são-tomenses buscaram imigrar para vários cantos do mundo em busca de melhores condições vida e de oportunidades profissionais que, infelizmente, um país tão jovem como STP não podia oferecer, em função de todo o contexto socioeconómico vivido nos primórdios do período pós-independência.
Cinquenta anos depois da proclamação da nossa independência, o que todos temos vindo a assistir, sobretudo nos últimos 5 anos, é, salvo melhor opinião, um fenómeno totalmente diferente: estamos a assistir, com as devidas adaptações, a um verdadeiro êxodo dos são-tomenses para o exterior, como nunca visto, motivado por causas de várias naturezas.
Da ausência de um sistema de saúde confiável, capaz de assegurar com qualidade e segurança os cuidados básicos de saúde, à falta de emprego cujo remuneração permita sustentar o custo de vida; sem esquecer o aumento da criminalidade e de alguma delinquência juvenil, em parte por causa do acesso demasiado facilitado ao álcool e a substâncias psicoativas, numa sociedade cujo o ordenamento jurídico se mostra despreparado para regular com eficácia as relações interpessoais, creio que é sobretudo a falta de esperança que leva a que muitos são-tomenses, principalmente jovens, encontram na imigração uma saída incerta, mas que lhes oferece pelo menos a oportunidade de continuar a sobreviver com mais dignidade.
Por causa dos laços históricos, Portugal tem sido um dos principais destinos escolhidos pelos são-tomenses que escolhem imigrar para encontrar uma vida melhor. A língua, a cultura e a proximidade são fatores que determinam que, no momento de iniciar o processo de reagrupamento familiar, se inicie um novo fenómeno: a saída cada mais expressiva de muitas crianças e jovens adolescente em idade escolar.
Dados provisórios, tornados públicos na última semana, indicam que o número de alunos inscritos para o novo ano letivo (2025/2026) caiu para 33.399 alunos, correspondendo a uma redução de 15,7% face ao ano anterior. Números que deveriam preocupar as nossas autoridades, já que parte desta redução é justificadas pela cada vez mais expressiva saída massificada de crianças de STP a fim de se juntarem aos seus pais e familiares no exterior.
Embora seja totalmente legítima a possibilidade de se escolher a imigração como solução em tempos difíceis, olhando para as causas, creio que é urgente tornar STP um país no qual se possa, pelo menos, ter esperança de que um dia o futuro poderá ser melhor. Do contrário, ficaremos eternamente condenados à pobreza, e sempre de olhos postos no exterior.