Esta não é a primeira eleição que a Guiné-Bissau está a organizar e nem serão as ultimas. Mas, devo dizer, como quem acompanhou sempre a Guiné-Bissau e as coisas que acontecem e da forma como acontecem, tenho que dizer o sentido e significado destas eleições, agendadas para novembro, significado e sentido para os guineenses, dita doutra maneira, a forma como os guineenses devem olhar e se comportar nestas eleições.
A política não é, está longe de ser, um jogo ou disputa dos anjos, em que cada cidadão deve ou tem de escolher o seu. Pelo contrário, trata-se da política, exercício cívico e cidadão, onde homens livres e engajados decidem, perante as faculdades possuídas, enquanto sociedade, o que querem para eles, e como querem, com quem querem.
Neste sentido, homens se organizam em forma de partidos e siglas partidárias, apresentam o povo, em todas as Democracia () o pensamento e visão que defendem para sociedade e aos cidadãos, em forma de programa. Estes, os povos, verdadeiros detentores do povo, decidem, escolhendo o que querem.
Mas, os contextos, realidades sociais e políticas influenciam e condicionam o sentido dos votos. As eleições, de ponto de vista do sentimento, não têm as mesmas caraterísticas.
Há eleições, em que povo vai a urna sem grandes tensões, aliás, vão simplesmente renovar os órgãos, decidir novamente quem ou grupo política deseja que o lidere. Simples.
Mas, como já mencionei, dependendo do contexto, há eleições em que o povo tem de decidir em forma de votos, sobre questões mais vitais e sensíveis, sobre questões determinantes e urgentes.
Deixo um exemplo: quando disse que não é a primeira vez que os guineenses estão a votar, devo recordar que o estado da Guiné-Bissau, proclamação do Estado guineense, foi precedido por um ato de votação, naquele contexto, a realidade era outra, a realidade era colonial. No dia 23 de Setembro de 1973, os guineenses, homens e mulheres, foram chamados a decidirem sobre o fim do colonialismo ou vitória do movimento da libertação nacional e, consequentemente, nascimento do estado guineense, simbolizando liberdade e autonomia dos povos da Guiné-Bissau, através de um sufrágio livre e direto, as populações, representados por 120 deputados decidiram por proclamação do Estado, de forma unilateral, pondo assim fim o Estado colonial e os anos de repressão e exploração. Esta foi a primeira vez que os guineenses, dentre eles, organizaram uma votação para tomar uma decisão importante.
Ora bem, hoje, 2025, mais uma vez, os guineenses voltam a ser chamados para votar, para decidir quem deve ou não dirigir o destino do país.
A pergunta que cada guineense deve fazer, homem e mulher é: qual deve ser sentido do meu voto hoje, como devo votar e para quê devo votar?
Estas eleições não se devem votar com mero espirito de militante, estas são e devem ser eleições dos guineenses, guineenses comprometidos com o ideal do fundador do Estado.
Estas não são eleições para um mero escolha de programa político, ou SIGLA partidária, pelo contrário, quem acompanhou os últimos 5 anos da vida política guineense sabe, e bem, que estas eleições colocam aos guineenses duas ou três grandes questões:
- Acompanhar ou pôr fim o processo continuo e vertiginoso da matança do Estado
- Acompanhar ou pôr fim confisco da liberdade, violação dos direitos básicos e elementares, abuso de poder e a banalização da Administração ou optar pela boa governação e o Estado de Direito Democrático.
- Por último, escolher entre a insistida e repetida tentativa de desprestigiar Amílcar Cabral, da profanação de Amílcar Cabral e do desprezo vergonhoso pelos símbolos e heróis nacionais
Assim, talvez escolher nunca foi tão fácil. Mas, ainda mais, estas eleições dirão ao mundo o que de fato os guineenses querem e desejam, não apenas para agora, mas para os guineenses do amanhã, para geração vindoura, que sociedade e que cultura e tradição do Estado querem legar à futura geração. Dirão, se os guineenses querem de fato edificar a tal Pátria Imortal, ou legitimar o fim do nacionalismo em detrimento dos sectarismos.
Para todos os efeitos, serão os guineenses a decidirem.