Depois de trocas de acusações, incoerências discursivas e da ausência de uma explicação clara e lógica em torno da posição do atual governo face aos contornos do contrato de fornecimento de eletricidade assinado pelo anterior executivo com a Tesla STP, e após a confirmação da suspensão do fornecimento devido ao não pagamento das dívidas acumuladas, fomos vendo e ouvindo o atual governo ventilar várias promessas e apresentar supostas soluções para enfrentar aquele que é um dos maiores problemas crónicos de STP: uma crise energética originada pela incompetência, pela falta de transparência e pela ausência de compromisso com a boa governança.
Certo é que, dois meses depois de mais uma crise elétrica instalada no nosso país — com impactos negativos incalculáveis para a economia e para a vida das pessoas —, e já após o primeiro-ministro ter anunciado, sem apresentar as devidas justificações e esclarecimentos a que está obrigado como Chefe de Governo, que o país teria recebido um grupo de três geradores com capacidade para produzir e fornecer cerca de 4 megawatts à EMAE, constatamos que a situação parece estar cada vez pior, ao ponto de poder comprometer o regular funcionamento do único hospital central de São Tomé.
Toda esta tragédia — inqualificável e de péssimo gosto, diga-se de passagem — que vimos assistindo em torno da EMAE, dos contratos de gestão e concessão e da insistência quase irracional em onerar o Estado com os custos associados à aquisição de geradores de energia a diesel, é, infelizmente, resultado de uma política desastrosa e sem compromisso com a causa pública, conduzida ao longo de várias décadas por sucessivos governos de STP.
Cinquenta anos depois da nossa independência, e face a tudo quanto temos vindo a assistir no campo político e governativo do nosso país, creio não haver dúvidas de que, infelizmente, STP está refém da chamada “Elite Rastaquera”, expressão popularizada pelo historiador e professor doutor Marcos António Villa.
Trata-se de uma elite que tem prazer em ostentar sinais exteriores de riqueza e, ao mesmo tempo, revela profunda ignorância e insensibilidade diante dos reais problemas que afetam a grande maioria das pessoas que compõem a sociedade à qual pertencem — uma sociedade que desejam manter controlada e eternamente miserável, em função dos seus caprichos e da falsa sensação de que são os únicos seres dotados de competência para continuar a dirigir os destinos do país, infelizmente, para um beco sem saída.