20 de janeiro de 1973, 20 de janeiro de 2025,
Completa mais um ano após o assassinato e desaparecimento físico de Amílcar Cabral. Cabral foi o ideólogo e inspirador das lutas de independência da Guiné e Cabo-Verde. Traçou as linhas, estratégias e metas visando a autodeterminação dos dois povos irmãos.
Em toda parte e um pouco por todo o mundo, no ano 2024 e neste limiar de 2025, celebrou e tem se celebrado como nunca antes visto o Cabral- às Universidades, faculdades, Institutos, Organizações e Associações, Entidades, etc. colocaram no centro a figura de Amílcar Cabral e o seu pensamento em debate e discussão.
Cabral poderia representar o elemento chave e dinamizador do processo de construção da sociedade e do Estado guineense. Os seus ensinamentos e métodos de fazer as coisas, poderia servir na atualidade de inspiração à nova geração dos guineenses para uma mudança de atitudes e comportamentos, visando assim, o fim último que levou a fundação do Estado guineense- Mas, o que levou então a fundação do Estado guineense? Qual foi a finalidade da Independência?
Cabral, nos seus textos e discursos, deixou claro que a independência não era uma mera questão de ter Hino e Bandeira, trata-se, sobretudo, de repor a dignidade ao Homem e a Mulher guineense, de recontar a História do povo da Guiné e, não menos importante, com base no trabalho e justiça, criar uma sociedade do progresso e equitativa distribuição da riqueza nacional aos povos e filhos da Guiné-Bissau. O bem-estar.
Por isso, disse- “Nós queremos que tudo quanto conquistarmos nesta luta pertença ao nosso povo e temos que fazer o máximo para criar uma tal organização que mesmo que alguns de nós queiram desviar as conquistas da luta para os seus interesses, o nosso povo não deixe. Isso é muito importante.”
O fim último da criação do estado guineense é também permitir que após o içar da bandeira, ninguém possa pensar que à ele pertence os ganhos da gloriosa luta dos povos. A luta de independência é, mais do que tudo, luta de libertação nacional, e isso, em todos os sentidos, para que se possa pôr fim ao terrorismo do Estado, ao abuso de poder, a ignorância propositada e o delito de opinião. Estes desafios, Cabral o mostrou e defendeu até na hora da sua morte, como testemunhada pela esposa,
Quando os seus algozes o queriam amarrar, e ele simplesmente e corajosamente disse-
“A mim ninguém me amarra.” Mataram o Homem. Isto, ao meu ver, deveria servir-nos, embora um episodio triste, de inspiração na luta pelo Direito do Homem e da Mulher na Guiné e Cabo-Verde, afinal é para isso, tão somente isso, que Amílcar Cabral deu a vida.
Enfim, mais um 20 de janeiro sem Cabral, sem que os seus ideais do progresso e do Bem-estar do seu povo da Guiné-Bissau, pudessem ser alcançados. Como já referi e disse várias vezes, Cabral não precisa de flores, mas precisa sim, é de ser entendido e compreendido. Apenas isso.