2025 será um campo de batalha pela alma do país. Em pouco mais de um ano, teremos novas eleições; e quem tem ambições para as legislativas de 2026 precisa de definir, muito rapidamente, as suas estratégias eleitorais.
Para o PAICV, o caminho parece claro: uma renovação da liderança é incontornável; assim como a composição de um discurso menos populista — e menos focado no adversário.
Lamentavelmente, mesmo que consiga reinventar-se a nível de liderança, o PAICV já comprovou que dificilmente se renovará a nível conceptual. O DNA do partido é corporativo, exclusivista e conservador; e esta essência dificilmente será transformada pela mera eleição de um líder.
Nas legislativas de 2021, o MpD empenhou todo o poder de coerção que assiste ao Executivo para garantir uma vitória. Presume-se que, em 2026, fará a mesma coisa.
Mas é preciso entender que estas infracções à lei eleitoral não são exclusivas do MpD; são a norma para quem quer que detenha o poder executivo, seja o MpD ou o PAICV.
O problema é que, agora, o desgaste do MpD parece mais difícil de superar. As mesmas manobras não garantirão a vitória, e existe a mesma pressão sobre o partido para renovar a liderança.
A troca de liderança após um período na oposição parece trazer ótimos resultados para quem desafia o poder. Foi o que aconteceu quando José Maria Neves assumiu o PAICV em 2000; e quando Ulisses Correia e Silva assumiu o MpD em 2013.
Mas nas duas vezes em que um partido no poder substituiu o líder antes das eleições — o MpD em 2000 e o PAICV em 2014 — o desgaste político sofrido ao longo de múltiplos mandatos não foi superado; e o resultado foi uma derrota.
Apesar dos malogros causados pelo PAICV e pelo MpD, o péssimo histórico eleitoral das forças alternativas não deixa muita esperança quanto ao surgimento de uma terceira organização capaz de alterar as ditaduras da maioria que são a norma em Cabo Verde.
Onésimo Silveira e Isaura Gomes são exemplos das poucas vitórias autárquicas por forças alternativas; e a UCID foi a única a eleger mais do que um deputado para o parlamento nacional.
Contudo, a falência moral da UCID ficou evidente nas presidenciais de 2021. Em Dezembro, perdeu o segundo lugar em São Vicente para o PAICV; e não se prevê um resultado legislativo propriamente brilhante.
Não obstante as deficiências éticas dos nossos partidos, os verdadeiros obstáculos à governação do país residem na imaturidade política da sociedade.
A inexperiência cívica e a amnésia colectiva tornam o cidadão cabo-verdiano vulnerável aos embustes dos nossos demagogos. E enquanto essa realidade não mudar, as vitórias ou derrotas eleitorais de quem quer que seja pouco contribuirão para a melhoria da governação.