São Tomé e Príncipe (STP) completou e celebrou, no último dia 12 de julho de 2025, os 50 anos da proclamação da independência total e completa do domínio colonial português. Entre os mais vários eventos programados para celebrar esta importante data da história do nosso país e do nosso povo, destaca-se a realização, na Capital São Tomé, do ato solene das celebrações dos 50 anos que definitivamente representam a coragem, a bravura e o compromisso dos homens e das mulheres que participaram, direta e indiretamente, no processo de libertação do nosso povo.
Porém, sem prejuízo da tranquilidade e do clima de festa com que decorreram as cerimónias centrais dos 50 anos da nossa independência, infelizmente, uma vez mais, e ao contrário do que tem sido verbalizado pelos mais altos dirigentes do nosso país sobre a necessidade e a importância de todos juntos, construirmos um ambiente de paz, entendimento e de diálogo permanente a fim de o país consolidar a sua democracia e bom funcionamento das suas instituições políticas, a falta de coordenação, consenso e de uma boa coabitação entre os principais órgãos de soberania parece estar na origem do cancelamento da sessão solene, inicialmente (ou alegadamente) prevista para o dia 11 de julho na Assembleia Nacional de STP.
Ora, independentemente da tradicional sessão solene das festividades, realizadas na nossa praça da independência, creio que não pode ser relegado para menor importância a sessão pensada para se realizar na Assembleia Nacional, fosse ela solene ou não. Isto porque o parlamento são-tomense é, por excelência, o berço da nossa democracia. É o local onde se tomam as grandes decisões do nosso país, através dos deputados eleitos pelo povo. Logo, ao comemorar-se os 50 anos da nossa independência, e havendo a necessidade de refletir os caminhos percorridos até aqui, com objetivo de perspetivar um futuro que de facto cumpra a real independência proclamada a 12 de julho de 1975, era todo conveniente, correto e honroso, que os poderes constituídos demostrassem estar à altura dos desafios que a democracia convoca à edificação da nossa jovem nação.
Numa altura em que tanto se fala sobre a necessidade de encontrarmos uma plataforma de entendimento para juntos, colocando as diferenças de lado, construirmos um STP que nos orgulhe ainda mais, é imperativo que os mais altos dignatários do nosso país deem o corpo ao manifesto.