Por que razão ou motivo, na sociedade guineense tem avido uma dificuldade com a imagem e figura de Amílcar Cabral. De tempo em tempo (com aconteceu antes de ontem), a imagem de Amílcar Cabral tem sido resinificada para debates menos inglória e digno. Um debate que, como disse alguém- não devemos aceitar. Cabral, em vida, o homem nunca pediu honras ou glorias, o homem era um iconoclasta, queria apenas saldar a sua divida com o seu povo, no contexto do seu tempo, por isso disse- EU SOU UM SIMPLES AFRICANO.
Um simples africano que deu a própria vida pelas causas dos povos, da Guiné-Bissau e do mundo. Um homem que pensou o mundo com a dimensão humana de que hoje o mundo precisa, em termos de liderança, mas não tem.
Hoje, não fosse por contra doutros expedientes, Guiné-Bissau poderia, de forma inteligente, aproveitar da imagem simbólica e do simbolismo de Cabral, usando-os como Soft Power ao nível internacional, para se afirmar em várias agendas, nomeadamente, Ambiente, Género, Justiça, Direitos Humanos, Cultura, etc, pautas através de quais Cabral demonstrou o mundo a capacidade e competência de um combatente pelas causas, boas causas. Construiu um estado que tinha mulher no centro de todas atenções, as mulheres votaram pela formação da primeira Assembleia Nacional na Guiné e, como não só, também foram votadas, defendeu a ideia da racionalidade sobre questões ambientais ainda nos anos 60, denunciou atrocidades e injustiças no mundo, a morte vergonhosa de Lumumba, trabalho compulsório em São Tomé, defendeu o direito do povo mártir de Palestina, dentre tantas pautas e causas nobre que emprestou a voz.
Guiné-Bissau, não tivesse feito a inversão da marcha, poderia hoje ser um Shampion na Diplomacia Global.
Infelizmente, Cabral tem tido tratamento e ataques a sua figura que são estranhos, incompreensíveis. Ora, é em Cabo-Verde que é posto em causa, ora na Guiné-Bissau, dizem que nem guineense é, Cabral é culpado por tudo, enfim, estas misérias. Por que será? A quem se interessa estas narrativas? A que propósito servem?
Tudo isto, não deixa de fazer parte da onda revisionista que invadiu os nossos dias e tempo. Ainda não faz muito tempo, o governo de Guiné-Bissau tomou medidas estranhas em relação ao Centenário de Cabral. Em tempo, alguém em mais alta esfera do estado guineense disse que Cabral estava ultrapassado. Enfim, tudo isto não terá futuro. Pois, Cabral está no mundo e pelo mundo- Nas obras de Patrick Chabal, de Basil Davinso, de Lars Rudebeck, Patricia Villen e Paulo Freire, dentre outros.
Em suma, alguém pretende e tenciona colocar Cabral em causa, mas perderá esta causa.