Os angolanos foram surpreendidos este sábado 25 de Janeiro com uma suposta investigação da Televisão Pública de Angola, a televisão oficial, segundo a qual as autoridades angolanas tinham desmantelado um ataque terrorista que estava para ocorrer durante a visita do Presidente Biden a Angola. A visita esteve inicialmente marcada para meados de outubro, depois foi adiada para dezembro. Realizou-se e não aconteceu nada, supostamente porque as autoridades conseguiram desmantelar o ataque terrorista.
Esse ataque terrorista visava alvos estratégicos em Luanda, a capital, e também no Huambo, antiga Nova Lisboa, capital da província do Huambo, no Planalto Central. Em Luanda os alvos eram a refinaria de Luanda, a Zona Económica Especial, a Comissão Nacional Eleitoral, a Embaixada dos Estados Unidos, a Imprensa Nacional Casa da Moeda e até o Palácio Presidencial. No Huambo havia pelo menos três alvos, o Centro de Distribuição de Energia, as instalações de armazenamento de combustível da Sonangola e também o edifício dos Serviços de Investigação criminal.
E como é que os terroristas queriam espalhar o pânico, fazer transparecer insegurança, etc? Com 16 granadas. E destas 16 granadas, quatro ou seis estavam obsoletas e, portanto, com 16 granadas os terroristas queriam espalhar o pânico.
Face a isto, os angolanos receberam esta notícia, esta investigação da TPA com alguma indiferença e até com risos. Destruir tanta coisa com 16 granadas é risível, aliás, a TPA, inicialmente, até falou de 60 toneladas, depois reduziu para 60 explosivos, mas nos autos apenas constam, e se fala de 16 granadas das quais quatro obsoletas.
Esta desconfiança é agravada pelo facto de tudo isto ter sido noticiado pela televisão pública oficial e por um porta-voz do Serviço de Investigação Criminal. Pensa-se que um facto desta gravidade merecia outra dignidade, nomeadamente ser denunciado pelo chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, qualquer autoridade do género, pelo Comandante Geral da Polícia, etc. Mas foi um simples porta-voz que anunciou tudo isto.
Tudo somado, o que as pessoas, no fundo, acham é que isto visa outros objetivos, e os autos falam que o terrorista, ou a cabecilha dos terroristas, contactou o presidente do grupo parlamentar da UNITA, que não o pôde atender, mas deu-lhe o telefone de alguém, e que no plano de fuga para o estrangeiro, o suposto cabecilha dormiu, pernoitou, na delegação da UNITA no Lubango.
Portanto, a ideia que se tem é que o alvo final é a UNITA, continuar a ligar a UNITA ao terrorismo, à danificação dos bens públicos, etc. Vamos ver como é que vai acabar o julgamento, mas esta é a impressão inicial, isto não é uma intentona, é antes uma inventona.