O Dia Mundial da População, comemorado no passado dia 11 de julho, trouxe para o primeiro plano da atualidade o crescimento da população em Angola.
Angola regista anualmente uma taxa de crescimento da população da ordem dos 3,1%, uma das taxas de crescimento da população mais elevadas em todo o mundo. Dados recentes publicados pelo Instituto Nacional de Estatística dizem que a economia angolana cresceu 0,6% durante a última década terminada em 2023.
Há de facto aqui uma enorme diferença entre o crescimento da economia por um lado e o crescimento da população por outro. Angola não tem economia para aguentar taxas de crescimento da população da ordem dos 3,1%.
O resultado de tudo isto é o desemprego, a miséria, a fome. Este é o resultado do forte crescimento da população e do fraco crescimento da economia.
Paradoxalmente, Angola tem pouca população. Depende das fontes, o Instituto Nacional de Estatística Angolano diz que são à volta de 36 milhões de angolanos, o Fundo Mundial Internacional, por exemplo, trabalha com 38 milhões, portanto há aqui uma diferença de 2 milhões.
Mas apesar desta elevada taxa de crescimento da população, Angola tem zonas completamente despovoadas, as regiões do sul, as províncias do sul são completamente despovoadas. Bem sei que isso se deve a um êxodo das populações para os centros urbanos porque não têm condições nas províncias.
Angola não tem economia para um crescimento da população de 3,1%.
Mas simultaneamente tem falta de população.
Neste contexto, o que fazer? Há quem defenda medidas draconianas, como fez a China, de limitação do número de filhos por família, mas, do meu ponto de vista, não faz muito sentido em Angola.
Eu sou mais defensor de políticas de controlo da natalidade através do planeamento familiar.
O crescimento da população, o número de filhos que as pessoas têm deve ser tomado de forma informada e este é que é o principal problema em Angola: Não há planeamento familiar.
A solução para o crescimento da população deve ser feita através da educação, através do planeamento familiar e não através de medidas draconianas de limitação do crescimento da população.
Mas isto é um debate que tem de ser feito em Angola e que, infelizmente, não está a ser feito.