Desta vez, Baku, capital do Azerbaijão, foi o palco escolhido para acolher a cimeira do clima organizada pela ONU – Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).
E sem ignorar alguns factos geradores de alguma incoerência, antagonismos e até de alguma encenação mediática por parte das maiores potências económicas e industriais participantes da COP 29, 198 países reúnem-se mais uma vez para discutir o clima e a necessidade urgente de se travar o avanço avassalador das alterações climáticas, com consequências trágicas para o nosso planeta e os que nele habitam.
Uma vez mais, entre discursos, constatações e recomendações dos participantes, infelizmente, ficamos todos com a sensação de que tem faltado mais ação, concretização e capacidade de tornar factíveis, reais e visíveis as medidas que de facto nos demonstrem que estão a ser cumpridos os compromissos normativos aprovados durante as sucessivas cimeiras já realizadas.
Ora, reconhecendo a importância da cimeira do clima, São Tomé e Príncipe (STP), como tem sido praxe, e bem, se fez representar através de uma delegação chefiada pelo nosso Primeiro-Ministro (PM), o Sr. Dr. Patrice Trovoada.
Em abono da verdade, e pese embora STP pertença ao grupo de países menos afortunados, o país buscou, desde sempre, dentro das limitações locais, cumprir e adotar políticas que em alguma medida fossem de encontro aos compromissos que têm vindo a ser assumidos junto do programa das ONU no combate às alterações climáticas.
Pese embora STP não tenha histórico relevante de país poluente no que a emissão de gases com efeito de estufa diz respeito, nos últimos anos, o país tem sofrido com a ocorrência cada vez mais frequente de fenómenos climáticos extremos devastadores. Um exemplo foi o ocorrido em finais de dezembro de 2021, em que bastaram 14 horas de chuva intensa para que se produzisse um rasto de destruição como não se assistia nos últimos 30 anos, culminando com a morte de pessoas e na destruição de algumas infraestruturas críticas do país.
Por isso, o apelo feito pelo Primeiro-Ministro, sobre a necessidade de o nosso país ser beneficiado com mais financiamentos para investir numa transição rápida para fontes de energias renováveis e verdes, capazes de, gradualmente, permitir a substituição de fontes de produção de energia pouco amigas do clima, é, com toda a certeza, mais do que justo e legítimo. Pois o país e as suas gentes têm sentido ao longo dos últimos anos os efeitos e as consequências das alterações climáticas, que colocam em perigo a manutenção da subsistência das populações e o seu processo de desenvolvimento socioeconómico
STP deve continuar firme e comprometido em prosseguir, definir e escolher as suas próprias políticas que visam contribuir para redução das emissões, alicerçadas aos compromissos da COP 29 e ao Acordo de Paris, mas, ao mesmo tempo, buscar adaptar todas essas medidas e compromissos às especificidades do país.
Assim, só através de compromissos sérios firmados com os seus parceiros de desenvolvimento, será possível o país participar ativamente num combate igualmente sério e real na luta contra as alterações climáticas.