Já todos percebemos que, feliz ou infelizmente, a política é extremamente dinâmica e que, às vezes, essa dinâmica impede que até os altos dirigentes do Estado compreendam que governar é a arte de saber tomar decisões. Governar implica, a todo o momento, o avaliar de custos e benefícios de cada decisão, colocando sempre o interesse público acima de tudo, mesmo que isso exija a renúncia de privilégios conferidos pelo poder.
Nesse sentido, o XIX Governo, forjado no rescaldo da crise política e institucional entre o Presidente da República e Chefe do XVIII Governo, tem, neste momento, a dura e complexa missão de, com muita habilidade, apresentar soluções que convençam os são-tomenses a manter um resto de esperança no futuro. Mais do que as habituais anunciações panfletárias, creio, assim como a maioria dos são-tomenses, que o atual executivo, para sobreviver politicamente e ter aspirações futuras de governança, tem de fazer diferente e bem feito, uma vez que escolheu distanciar-se das alegadas más práticas do anterior Governo.
E e dúvidas existissem de que o novo Governo do ADI, liderado pelo Dr. Américo Ramos, pretende fazer um consulado de disrupção em relação à forma e ao conteúdo da anterior governação, basta fazermos uma breve incursão ao programa de governo agora apresentado no último dia 10/02/2025 à Assembleia Nacional de STP para constatar que, de facto, o atual Governo, embora seja do ADI, não se eximiu de identificar àquilo que considera ser “deficiências na gestão de recursos públicos”.
Talvez por esse motivo, na parte reservada aos cinco (5) eixos eleitos como eixos estratégicos que sintetizam as prioridades do XIX Governo, tenha sido inscrito como prioridade o “fortalecimento da governança e proximidade com o povo”. Nessa parte, embora o título inscrito no primeiro eixo prioritário seja bonito e pomposo, creio, salvo melhor opinião, que não deixa de ser apenas uma das muitas habituais boas intenções dos sucessivos Governos em STP – o que, aliás, é até é de salutar. Contudo, creio que é preciso mais. É urgente que atual Governo concretize mais e melhor no quê que se traduz os 5 Eixos considerados como estratégicos para o seu consulado.
Em suma, o programa do XIX Governo de STP, agora submetido à Assembleia Nacional, parece ser uma carta de muito boas intenções. No entanto, face às crónicas e sucessivas desilusões a que o povo de STP tem vindo a experimentar nos últimos anos – já que de boas intenções o nosso posso já não consegue viver –, creio que é imperativo que, à luz das condições e possibilidades reais do nosso país, o atual Governo procure, na maior medida possível, concretizar mais e melhor o seu programa de governo. Isso significa definir e tomando decisões que, no final do dia, tenham impacto positivo na vida de todos os são-tomenses.