Os agentes económicos angolanos saíram de 2024 com perspectivas radicalmente diferentes para 2025. Pelo menos é isto que revelam os inquéritos de conjuntura do Instituto Nacional de Estatística do III trimestre de 2024.
Enquanto os consumidores estão claramente pessimistas, as empresas já têm uma opinião diferente e acreditam em dias melhores para 2025.
Mas vamos aos números.
De acordo com o INE, os consumidores que estão pessimistas relativamente a 2025 excedem os que estão otimistas em cerca de 20 pontos percentuais. E por que é que isso acontece?
Os consumidores não estão confiantes relativamente à situação económica nos próximos 12 meses.
Como não acreditam na economia nos próximos 12 meses, eles temem o aumento do desemprego e, com o aumento do desemprego, esperam e temem que a sua situação financeira também se deteriore.
Já relativamente às empresas, as coisas são completamente diferentes.
As empresas reconhecem que a situação económica atual não é boa e, por isso, avaliam negativamente a situação económica atual, mas, pelo contrário, acreditam que as perspectivas para os próximos 12 meses são melhores.
As empresas estão otimistas relativamente à atividade económica, esperam que ela melhore e, com a melhoria da atividade económica, esperam até admitir mais trabalhadores.
Portanto, temos aqui resultados completamente diferentes.
Falta de dizer que as empresas otimistas excedem as empresas pessimistas em 8 pontos percentuais.
O nível de desconfiança, de pessimismo até dos consumidores está ao nível mais alto desde a pandemia, desde a Covid em 2020 e, portanto, isso significa que o pessimismo é grande.
Já para o otimismo dos empresários, é preciso recuar até 2011, 2012 para que encontremos um nível de otimismo tão grande.
Como interpretar esta divergência entre empresários e famílias?
Não há propriamente uma explicação. Eu pessoalmente com base nas conversas que vou tendo com os agentes económicos, as empresas não me parecem tão otimistas quanto diz o Instituto Nacional de Estatística e há, de facto, algum pessimismo entre as famílias.
Mas vamos esperar que sejam as empresas inquiridas pelo INE que têm e se assim for 2025 será muito melhor do que 2024.