Parte da nova dinâmica do governo senegalês liderado por Ousmane Sonko sob presidência de Diomay Faye, ambos de PASTEF, envolve recuperação da memória e preservação das histórias que julgam ser parte indispensável no processo Histórico do Senegal.
A figura do presidente Mamadou Dia foi ao longo de muito tempo tratada com um certo descuidado pelos sucessivos governantes do Senegal, razão pelo qual, ainda na oposição, PASTEF já fazia menção sempre ao presidente Dia, como exemplo de um patriota, nacionalista e africanista da primeira linha e que cuja experiência podia e pode lhes servir de esteio e inspiração para realização de um Senegal livre e independente no verdadeiro sentido do termo. Por isso, PASTEF e sua liderança, sempre tiveram o nome de Mamadou Dia presente nos discursos.
Mas, afinal quem foi Mamadou Dia?
— Falecido em 2009, Dia foi o primeiro-ministro do Senegal independente. Foi quem, sob liderança do presidente Senghor, liderou a negociação da independência ainda na Federação do Mali. Mas, momentos depois, Dia foi acusado de orquestrar um golpe militar contra Senghor, assim, foi preso e deportado para uma Ilha juntamente com alguns dos seus ex-ministros, como Joseph Mbaye, Ibrahim Sarr, Valdiodou Ndyei, etc. Condenado a perpetua, Dia nunca aceitou a acusação, mas, como sempre dizia, aliás, a frase que escreveu na sua cela em árabe- “se esta condenação pode servir para o desenvolvimento do Senegal, então eu a aceito”.
A altura, visto como mais pró-socialista e com uma relação um pouco não amigável com a França, muitos estudiosos e analistas da vida política senegalesa disseram que a figura de Mamadou Dia não era algo bem visto pela França. Independência para Dia, significava ruptura completo.
— Um estrategista no que plano do Desenvolvimento, Dia tinha uma visão clara dos desafios do seu país e o que era preciso ser feito, talvez não estivesse tão certo. Mas, tinha a sua convicção das coisas.
O livro o “Preço da Liberdade” sintetiza a visão e ambição que movia Mamadou Dia. Neste passado 25/01, o governo senegalês fez questão de render homenagem e tributo ao “Maodo”, ou seja, mais velho, como é apelidado pelos seus admiradores. A cerimónia contou a presença de altas figuras e personalidades do estado senegalês, como a governante Aminata Turé e o conselheiro do presidente, Dialo Diop, ex-secretário do Partido de Chaikh Anta Diop.
Não obstante uma vida marcada por polémica, Mamadou Dia é ainda uma figura e personalidade africana que muitos precisam e devem conhecer.