O corredor do Lobito dominou a visita de Joe Biden a Angola. Uma visita histórica, já que foi a primeira vez que um Presidente norte-americano visitou Angola.
O corredor do Lobito entrou nas bocas do mundo, mas falou-se mais do que o corredor do Lobito: falou-se numa ligação entre o Atlântico e o Índico.
Só que para que essa ligação exista, para que essa ligação se concretize – aliás, essa ligação já existe -, o corredor do Lobito não é suficiente, porque o corredor do Lobito na parte angolana vai até a fronteira com o RDC, depois entra no sul da República Democrática do Congo.
E para que se faça a ligação até ao Índico, através de Dar es Salaam na Tanzânia, é necessário que exista uma ligação entre o Caminho de Ferro de Benguela, digamos assim, a principal infra-estrutura do corredor do Lobito, e a linha de Caminho de Ferro que liga Zâmbia à Tanzânia.
Esta linha de caminho de ferro que liga Zâmbia à Tanzânia está concessionada e foi feita por chineses, portanto, é uma empresa chinesa que tem a concessão dessa linha de caminho de ferro que se chama Tazara.
E, para que se efetive a ligação entre o Atlântico e o Índico, é necessário, como eu dizia, que haja uma ligação entre estes dois caminhos de ferro.
Sendo que o corredor do Lobito não está com os americanos, parece que está com os americanos, mas na realidade não está, porque quem tem a concessão do corredor do Lobito é um consórcio europeu, o consórcio LAR, Lobito Atlantic Railway, que tem uma empresa portuguesa, a Mota-Engil, que tem uma empresa suíça, a Trafigura, e que tem também, com uma menor percentagem, uma empresa belga.
E depois, do outro lado, temos os chineses. Portanto, seria muito interessante que houvesse aqui uma cooperação entre, e aliás tem necessariamente que haver, para que se concretize essa ligação entre o Atlântico e o Índico, entre os europeus, os ocidentais e os chineses.
Portanto, em vez de competirem, há aquele jargão que é, em vez de competição, nós temos aqui coopetição. Portanto é necessário uma cooperação entre o Ocidente e a China, para que efetivamente esta linha de caminho de ferro, esta ligação entre o Atlântico e o Índico, que são fundamentais para o desenvolvimento da África, se concretize.
Vamos ver, o tempo dirá, se os chineses e os ocidentais, em vez de competirem, são capazes de cooperarem.