Terminou ontem a visita de Joe Biden a Angola. É uma viagem histórica, uma visita histórica, na medida que é a primeira vez que um presidente norte-americano, um presidente da maior potência do mundo, visita Angola.
Uma vitória para a diplomacia angolana, sem dúvidas, em especial para o presidente João Lourenço, que nunca escondeu o seu sonho americano. O seu sonho americano, neste caso, era trazer um presidente dos Estados Unidos para visitar Angola.
Foram dois dias muito intensos, muitos encontros, muitas reuniões, até uma cimeira envolvendo quatro chefes de Estado, de Angola, dos Estados Unidos, da República Democrática do Congo, também da Zâmbia e até o vice-presidente da Tanzânia.
Muitas declarações, muitos anúncios no final, de tal forma que as pessoas ficaram baralhadas, ou eu, pelo menos, fiquei um pouco baralhado com tantos financiamentos, tantos projetos, enfim, tantos números.
Mas no meio disso tudo, retive uma intenção norte-americana do presidente Joe Biden, enfim, está em fim de mandato, vale o que vale, no sentido de dar vida ao Corredor do Lobito. O Corredor do Lobito tem várias infraestruturas, mas principalmente uma linha de caminho de ferro que rasga Angola do mar ao Leste e que vai até a República Democrática do Congo.
O transporte é importante para Angola, os minérios chegarão mais rápido e com menor custo, mas é preciso ir além do transporte de minérios, e sobretudo minérios em bruto e matérias primas em bruto.
O primeiro passo será acrescentar algum valor às matérias primas antes delas serem exportadas. Mas depois, para Angola, não é só os minérios, o transporte dos minérios, o Corredor do Lobito pode ser muito mais do que isso.
O Corredor do Lobito rasga Angola, mais ou menos, ao meio do Mar ao Leste, atravessa quatro províncias Benguela, Huambo, Bié e Moxico, e, portanto, está aqui uma oportunidade de usar a linha de caminho de ferro como uma alavanca para o desenvolvimento de Angola.
E foi isso, precisamente, que o presidente Biden, em outras palavras, disse. Que pretende se dar vida ao caminho de ferro angolano. E portanto, dar vida é investir ao longo da linha, na agricultura, na indústria e também nos serviços.
É isso que Angola precisa e se isto for feito, naturalmente com os problemas todos que existem, se isso for feito será muito bom para a realidade angolana, para a diversificação da sua economia.
Mas enfim, vamos ter que esperar para ver, até porque Biden sai já em janeiro da presidência e depois vem Trump cujos objetivos relativamente à África são totalmente desconhecidos.