Em meio a mais uma crise política institucional, parece que o Presidente Umaro Sissoco Embaló conseguiu arrastar a todos para a sua interpretação das coisas. Para a sua visão e o método que ele tem utilizado até agora para interpretar as leis guineenses.
Para quem não sabe, para quem não tem acompanhado, é que o presidente Umaro Sissoco Embaló já nos habituou aos seus modos operandos de interpretar as leis. Convoca para si as competências que não são dele. Forja a compreensão das leituras constitucionais ao seu belo prazer.
Como exemplo, estas eleições legislativas que parece que os partidos estão se definindo para se aceitar numa espécie de jitucatém, do crioulo não há jeito. Mas esperava-se que a única eleição que deveria ter lugar agora era a eleição presidencial. Olhando para a temporalidade, o limite que a Constituição coloca no exercício do mandato de um presidente da república eleito democraticamente.
Deveria cessar o mandato do dia 27 de fevereiro, dando posse a um novo presidente da república. Mas não. Não obstante a violação da Constituição no derrube do Parlamento, não obstante o assalto, a tomada da Assembleia Nacional Popular pela direção de MADEM-G15 e o presidente da república apoia, todos parecem sentirem-se obrigados, forjados em aceitar um mandato que é preferível a participar agora das eleições legislativas.
É complicado as coisas na Guiné-Bissau. É complicado as coisas. porque o Presidente da República não respeitou sequer o tempo considerado, ainda que pudesse ele derrubar o Parlamento, de marcar as eleições logo no prazo de 90 dias.
Aconteceu agora no caso de Senegal. O Presidente Bassirou Diomaye Faye derrubou o governo e fixou logo a data das eleições, respeitando a Constituição. O Presidente Umaro Sissoco Embaló não.
E mais: sobejam as dúvidas se haverá mesmo a eleição na data marcada. Quando se olha para o calendário, as eleições guineenses, a sua particularidade, há muitas dúvidas. Isto está uma confusão. Está uma confusão. Umaro Sissoco Embaló conseguiu levar a todos de reboque. Infelizmente.
Digo infelizmente porque é para se estar do lado da lei, do lado da Constituição, da norma. Era o tempo de os políticos guineenses porem fim os consensos à margem da lei. Infelizmente.