A semana passada ficou marcada por uma série de prisões na Administração Geral Tributária de Angola (AGT), a instituição que gere os impostos e os direitos aduaneiros do país.
Os serviços de investigação criminal visitaram a AGT duas vezes e levaram consigo sete funcionários, incluindo um administrador executivo e um diretor da instituição.
Na origem das visitas dos serviços de investigação criminal à AGT estiveram denúncias de corrupção. Alegadamente, estes funcionários dedicavam-se a reduzir impostos e a perdoar multas a empresas a troco, naturalmente, de chorudas comissões.
A corrupção no seio da AGT não é propriamente novidade. Há muito que se fala à boca cheia dessa corrupção. Aqui, a novidade é ter acontecido alguma coisa e, neste caso, as detenções. Isso faz com que alguns elogiem a AGT porque, finalmente, vemos que está a agir.
As visitas dos serviços de investigação criminal surgiram na sequência de denúncias da própria AGT, o que leva outros a elogiarem também os responsáveis quer da AGT, quer do Ministério das Finanças.
Eu, pela minha parte, destaco duas coisas.
A primeira é a juventude dos detidos. Naturalmente que os detidos teriam de incluir jovens, pois vivemos num país maioritariamente jovem, onde metade da população tem menos de 18 anos. Portanto, é natural que entre os detidos por corrupção estejam jovens. Mas o que me interessa destacar é que estes jovens estão a copiar práticas antigas dos mais velhos. São jovens com ideias velhas ou, pelo menos, com práticas velhas.
O segundo aspeto é que cai o mito de que há corrupção em Angola porque os funcionários ganham pouco. Os funcionários da AGT são dos mais bem pagos do setor público em Angola. Mesmo no setor privado, não há muitos que ganhem os salários da AGT. Portanto, a ideia de que os angolanos são corruptos porque ganham pouco não corresponde à realidade.
Mas enfim, muita água ainda há de passar debaixo da ponte neste caso.