Os últimos dados sobre a situação do ensino na Guiné-Bissau revelam de que cerca de 368 mil alunos estão com falta de professores. Apesar destes dados não constituírem surpresa para quem acompanha de perto e com atenção a realidade da educação guineense, contudo, devem merecer a preocupação de muitos. A realidade da educação guineense não é indissociável da sua vida política, acaba por ser retrato e corolário de toda uma sociedade. Quem quer explicar como a Guiné-Bissau chegou a situação em que e encontra, a analise tem de passar pela educação, tendo a realidade política como a principal causa.
Há mais de 30 anos que sistema do ensino guineense se tornou instável, a mais de 30 anos que o mesmo sistema não funcionou por três anos consecutivo sem interrupção. Isto é apenas para dar um…cheirinho sobre o que é e pode se saber a realidade do ensino na Guiné-Bissau.
Mas, isto não foi sempre assim, não era para ser assim. Amílcar Cabral apresentou a educação como um dos principais argumentos, senão o principal argumento para a independência.
A falta da educação e ignorância impingida aos guineenses de forma proposital constituía uma das razões e motivo primordial à causa nacional e nacionalista guineense. Sendo assim, como dizia que a independência não pode ser resumida em hino e bandeira, logo era preciso fazer mais, a começar pela educação. Aliás, Cabral defendia de que, a principal crise que se tinha de vencer, é a crise do conhecimento.
Passados 51 anos, a educação guineense deixa pouco a desejar, falta visão, falta compromisso, falta um conjunto de boas vontades políticas em salvar a educação de toda selvageria política que tem caraterizado o país. Em tudo nisso, a educação sai sempre como mais prejudicada.
Fez-se uma espécie de inversão da marcha em relação aos caminhos apontados, os argumentos e narrativas que fundaram o estado guineense. Houve uma traição ao espírito fundacional do estado guineense.
Com atual sistema do ensino guineense, com esta realidade educacional, não se pode vislumbrar um futuro prospero, os dados oficiais indicam que a criança guineense deixa de ser competitiva a partir dos 8 anos da idade, em relação a média da sub-região, a iliteracia atinge os quase 70%, analfabetismo atingiu os 60%, isto sem falar dos outros indicadores alarmantes.
De fato, alarmante é termo certo para a realidade a que vive neste país considerado líder em termos de capital natural no último relatório de Banco Mundial. Um país com imensas riquezas e potencialidades de toda sorte, a única pouca sorte, são os dirigentes que tem tido.
Enfim, sem fim.