Em Cabo Verde, as oportunidades económicas e de mobilidade social que existem fora da atividade política são extremamente limitadas. Os investimentos mais rentáveis no sector chave do turismo pertencem ao capital estrangeiro; e nos outros sectores, as oportunidades empresariais mais promissoras dependem intimamente da proximidade do empresário com o poder do estado.
Na primeira república, quando o boom de emprego deveu-se quase exclusivamente ao sector público, as oportunidades de emprego pertenciam aos membros e protegidos do partido-estado.
Infelizmente, nos seus 35 anos de democracia, Cabo Verde só conheceu maiorias absolutas – que resultaram em verdadeiras ditaduras da maioria, com padrões de emprego muito semelhantes aos do partido único.
Ou seja, na nossa economia supostamente liberal e democrática, as melhores oportunidades laborais e comerciais continuam reservadas aos protegidos do partido que se encontra no poder num determinado momento.
Um exemplo paradigmático aconteceu pouco depois da vitória do MpD em 2016, quando Olavo Correia, ministro das finanças, ordenou a subida dos direitos de importação sobre lacticínios e sumos de fruta – para favorecer especificamente a empresa da qual tinha sido administrador, e ainda era accionista.
No final dos ciclos partidários – em 2001, 2016 e agora, em 2026 – a agressividade das bases militantes atinge o rubro. Este fenómeno talvez tenha alguma base ideológica ou emocional; mas o motor central do nosso fanatismo partidário resulta da ambição de manter as posições e as remunerações conquistadas com a vitória da corporação.
O termo Rabentola designa um membro da facção mais virulenta das bases do Movimento para a Democracia. A agressividade dos Rabentolas é notória, e não têm qualquer pejo em usar a injúria, a calúnia e a ameaça para atacar os seus presumíveis adversários políticos.
Estamos no limiar das legislativas de 2026. Após dois mandatos, o MpD encontra-se numa posição politicamente indefensável: o fracasso do governo em todos os domínios – particularmente o emprego, a energia, e os transportes –é evidente para todos.
Naturalmente, paralelamente a esta completa falência administrativa, o MpD enfrenta uma grave falência de imagem. A confiança do público nas suas lideranças esfumou-se num redemoinho de indícios de negociatas, incompetência e corrupção.
Sendo assim, a única estratégia que resta aos Rabentolas – num último esforço de preservação dos seus tachos – é a mentira, a calúnia e o assassinato de carácter. E perante o quadro político desesperado, é expectável que o nível de agressividade Rabentola aumente proporcionalmente à sua frustração.
Aliás, julgando pelos ataques insensatos por eles perpetrados, muitos destes desesperados terminarão o ciclo eleitoral como réus num tribunal – abandonados até pelas alas mais civilizadas dos seus próprios correligionários
Este comportamento execrável dos Rabentolas é cíclico; historicamente demonstrável; e já foi comprovado pelo grosso da sociedade civil – portanto não espanta ninguém.
O que é verdadeiramente espantoso é a incapacidade Rabentola de perceber o quanto estão a fragilizar o partido – e a si próprios – ao invés de reforçá-lo.