Mesmo no final de 2024, os são-tomenses demonstraram uma força e capacidade de mobilização incrível para ajudar a menina Elisabete, vítima de um crime bárbaro de violação.
Como se não bastasse todo o terror físico e psicológico que se abateu sobre a vida da pequena Elisabete e de seus familiares mais próximos, e após das diligências realizadas também pelo Governo de São Tomé e Príncipe (STP), através do Ministério da Saúde, a fim de se conseguir uma junta médica por meio do acordo de cooperação médica com Portugal, a pequena Elisabete viu, inicialmente, ser-lhe recusada a junta médica e a possibilidade de poder ser tratada em Portugal, através do Serviço Nacional de Saúde (SNS), por se ter considerado grave e quase irreversível o seu quadro clínico, depois de ter sido barbaramente abusada sexualmente e deixada às portas da morte.
Contudo, felizmente, ainda temos homens e mulheres que conhecem e levam a sério o poder da palavra “solidariedade”.
Deve-se, portanto, com devida vênia, reconhecer o trabalho de todas as pessoas, dentro e fora de São Tomé e Príncipe (STP), que prontamente se solidarizaram e se mobilizaram para ajudar na rápida evacuação de Elisabete para Portugal, ainda que à margem do quadro legal vigente no acordo de cooperação e assistência médica entre STP e Portugal. Pois estamos perante um caso sensível e doloroso. Estamos perante diante de uma luta desesperada por um direito fundamental (nuclear) que deve nortear a nossa comunidade: o direito à vida!
Por isso, sempre que as circunstâncias exigirem, é imperativo que pessoas e grupos da sociedade civil busquem e promovam a solidariedade, mas sem jamais se aproveitarem da tragédia, do sofrimento e da tristeza das vítimas e dos seus familiares para fins que não sejam única e exclusivamente os de ajudar.
Como desejo para o novo ano que agora começou, esperamos que a pequena a Elisabete tenha pelo menos a oportunidade de receber um tratamento e acompanhamento médico adequados, que lhe permitam continuar a lutar pela vida, a sonhar, e a, quem sabe, recuperar a alegria de viver que lhe foi brutalmente roubada.
Pedimos ainda às nossas autoridades e, em particular ao Governo, através do Ministério da Justiça, que continuem a investir e a apostar em políticas mais efetivas de combate ao crime de abuso sexual de menores. Um problema social que parece se ter instalado no nosso país, e que tem causado um rasto de destruição, dor e sofrimento sem precedentes entre jovens e crianças inocentes.
Uma vez, é imprescindível que a lei penal seja aplicada de maneira rigorosa, dentro dos limites previamente estabelecidos, a todos aqueles que cometam crimes de abuso sexual contra crianças e menores em STP.
Tolerância zero ao abuso sexual de crianças e menores!