Está confirmado. O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vai visitar Angola entre 13 e 15 de outubro. O presidente americano cumpre assim uma promessa de visitar a África antes do fim do mandato.
Essa promessa foi inicialmente adiada. Devido à situação geopolítica internacional, o Presidente americano disse que faria a viagem apenas depois de ser reeleito, mas como todos sabemos acabou por desistir da corrida para dar lugar a Kamala Harris e voltou à primeira forma para cumprir a promessa de visitar África antes do fim do mandato.
O facto de o presidente Biden ter escolhido Angola para a sua visita a África tem um significado e, do meu ponto de vista, é, obviamente, uma vitória da diplomacia angolana. E a somar à visita há o anúncio de que a próxima cimeira de negócios entre África e os Estados Unidos decorrerá em Angola no próximo ano. Trata-se de um grande evento que junta empresários e governantes dos dois africanos e dos Estados Unidos. Também aqui, creio que estamos em presença de uma vitória diplomática de Angola.
Naturalmente que o presidente Biden está no fim do mandato e a visita não vai resolver os problemas de Angola, não é solução.
Em todo o caso, nos Estados Unidos existe sempre uma continuidade de políticas independentemente de quem está no poder.
A visita e a cimeira de negócios são boas para Angola, quanto mais não seja vão colocar Angola no centro da atualidade informativa. E isso não deixa de ser positivo para Angola.
Agora, do meu ponto de vista, o importante é que se mude o modelo de cooperação. E o que eu vejo é que esta aproximação de Angola aos Estados Unidos mantém o modelo chinês, caracterizado por muitos empréstimos e muito pouco investimento direto estrangeiro ou nenhum.
Que me lembre a única empresa americana que investiu recentemente em Angola, tirando as petrolíferas, foi uma empresa de telecomunicações móveis, a Africell. Fala -se muito na questão da energia solar, na energia celular é financiamento construir centrais e entregar ao Governo angolano. Não há investimento direto. O que há é financiamento.
Financiamento das centrais solares, financiamento do corredor do Lobito, financiamento dos Boeing para a companhia aérea de bandeira TAAG, etc..
É este modelo que nós precisamos de mudar.
Angola precisa de financiamento? Precisa, senhor. Mas mais do que de financiamento, a Angola precisa de investimento direto estrangeiro que traga conhecimento em termos de gestão, que traga transferência de tecnologia.
É disso que a Angola precisa.