Re:Imaginar Monte Cara
Em 1976, abriu em Lisboa, na Rua do Sol ao Rato, aquele que foi o primeiro clube lisboeta focado na cultura africana. Gerido por Bana, o Monte Cara foi um verdadeiro laboratório do movimento musical de Cabo Verde, acolhendo no seu palco artistas como Paulino Vieira, Armando Tito, Celina Pereira ou Cesária Évora, entre tantos outros. A importância desse espaço, das amizades que lá nasceram e cresceram, dos músicos que o frequentaram e das diferentes gerações de público que formou ao longo de década e meia, não pode ser minimizada.
É por isso que Alcides Nascimento – filho de Bana, e ele mesmo agitador da cena africana em Lisboa – juntou os músicos que estrearam esse palco da cultura cabo-verdiana para a gravação de um EP. Este reimagina para o presente parte do reportório que tantas vezes foi entoado a uma só voz no Monte Cara.
Começamos por Toy Vieira, que enquanto músico tocou com Bana, Cesária Évora e Tito Paris, entre outros; enquanto compositor, viu os seus temas gravados por Tito Paris (como por exemplo, o grande sucesso que foi Dança Ma Mi Crioula), Bana ou Nancy Vieira; e esteve ao lado do irmão, Paulino Vieira, como produtor musical, tocando entre si todos os instrumentos do disco Sodade de Cesária Évora. Produziu igualmente discos de Bana e Nancy Vieira, a título de exemplo. Está a cargo dele a direção musical deste projeto, mas assegura ainda piano e sintetizadores neste espetáculo da Banda Monte Cara.
Este espetáculo conta com lendas como o cantor Leonel Almeida, que gravou o seu primeiro disco pelo Monte Cara em 1982; o baixista Manuel Paris, que gravou com Tito Paris, Fantcha, Cesária Évora, e já acompanhou com o seu baixo todos os grandes cantores de Cabo Verde; o guitarrista Zé António, outro veterano com um grande currículo que se cruza com as discografias de Celina Pereira, Zezé Di Nha Reinalda e Bana, tendo tocado guitarra com todos os grandes cantores de Cabo Verde; por fim, o baterista Toy Paris, outra lenda que gravou com Bana, Dionísio Maio, Tito Paris, e é tido como o melhor baterista entre os anos 70 a 90 para os músicos e críticos da música de Cabo Verde.
Re:Imaginar Monte Cara não é apenas um olhar para o passado da grande música de Cabo Verde, mas uma forma de reafirmar no presente a força da cultura de um país que já deixou marca no mundo. |
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