O desemprego em Angola atingiu os 32,3 por cento no segundo semestre deste ano, segundo um relatório divulgado esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Os números do INE têm sido muitas vezes contestados por alguns sectores da sociedade que dizem não corresponder com a realidade.
Especialistas angolanos alertam para a contradição entre os números do emprego divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística e por outras instituições como o Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social.
A título de exemplo, os números do Instituto de Estatística apontam para a criação de 328.800 postos de trabalhos formais, enquanto que o Ministério do Trabalho, com base em registos da Segurança Social, aponta para 113.230 no primeiro semestre deste ano.
Para os especialistas, apesar de serem utilizadas metodologias diferentes, esta contradição prejudica as políticas para travar o desemprego, números que também não convencem a Associação de Desempregados de Angola.
O secretário-geral da instituição, Vicente Albino, acredita que a taxa geral de desemprego no país ronda os 80%.
“Basta ver o número de 30 milhões de pessoas que somos, sendo a maioria jovens. Em 2017, os jovens eram 16 milhões. Hoje parece que estão a 20 milhões. Então não há jovens empregados”.
Albino considera a situação preocupante, uma vez que até o chamado “alto emprego” está em risco.
“O alto emprego tem ajudado o mercado, sendo que o mercado informal emprega mais pessoas que o formal, pois o mercado formal não tem condições para absorver novos trabalhadores”.
Secretário-geral da Associação de Desempregados de Angola, Vicente Albino, e a polémica em torno da taxa de desempregados ou de empregos gerados no país.
José Silva – Correspondente RDP África em Luanda