O PAICV está a pagar o preço por ter descartado o principal responsável pela vitória do partido nas últimas autárquicas. A leitura é do analista político José António dos Reis e vem a propósito das eleições para a Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde realizadas na última sexta-feira.
José António dos Reis estranha que não tenha havido uma concentração de votos do PAICV no candidato escolhido pelo partido. Venceu o Fábio Vieira, cuja lista contou com o apoio expressivo dos autarcas do MPD, um resultado que demonstra uma profunda divisão no saio do partido que ganhou as eleições autárquicas de 1 de dezembro, tudo porque, explica o analista, não há uma voz de comando.
“Por aquilo que eu tenho a acompanhar nas redes sociais, de posicionamento dos apoiantes de um lado e do outro, dificilmente haverá, por assim dizer, alguém que vai promover a necessária coesão para que o Partido Unido possa enfrentar os próximos combates”.
O clima de crispação que se vive no PAICV por causa das eleições para a escolha de um novo líder já obrigou o Presidente da República a apelar aos militantes para que não o envolvam nas disputas internas, uma intervenção desnecessária, considera o analista político José António dos Reis.
“Não ele pessoalmente, mas através de um porta-voz seu, dizer que o Presidente não interfere nas dinâmicas partidárias”.
A verdade é que, diz o analista, o PAICV está a passar por uma situação inimaginável.
“Todos tínhamos uma ideia de um PAICV, um partido maduro, um cara com traquejo e maturidade para não entrar em dinâmicas do tipo que se está a verificar”.
O Partido Africano da Independência de Cabo Verde vai a votos no dia 30 de março para eleger o sucessor de Rui Semedo.
Carlos Santos – Correspondente RDP África