Centenas de são-tomenses residentes em Angola querem regressar definitivamente ao país e pedem apoio à embaixada do arquipélago em Luanda para compra do bilhete de passagem.
Dizem que estão a viver em situação de pobreza extrema e pedem ajuda para sair de Angola.
Em declarações a uma equipa da televisão são-tomense que se encontra em Angola, Fernando da Glória, residente há vários anos num dos bairros pobres de Luanda, não esconde o desespero.
“Angola mudou. Então, essa licitação de emprego está fechada, o país está em crise, o país tem a sua gerência e, portanto, é por isso que 50% do povo foi embora. Muitos dos meus amigos aqui no bairro, com quem convivíamos, já não estão, já não há ninguém. Se houver uma boleia para dar os são-tomenses, o navio pode afundar”.
Todos os dias, a embaixada de São Tomé e Príncipe em Angola recebe dezenas de pedidos de apoio de cidadãos são-tomenses que pretendem regressar ao país.
Hipólito do Rosário é um dos que aguarda há meses a resposta do pedido feito para compra de um bilhete de passagem.
“Já não quero te mais estar em Angola e eu conheço muitos, sobretudo alguns familiares, que já abandonaram até pela semana passada. A irmã que vivia há cerca de 18 anos acabou por desistir e o marido está a caminho e hoje a vez uma enchente enorme na embaixada, cada dia que passa é uma enchente que é uma coisa doida”.
O encargado de negócios da embaixada de São Tomé e Príncipe em Angola, Edmilson Cravido, diz que a situação é muito preocupante, mas não tem como atender esses pedidos.
“Esses pedidos não só saem da comunidade de são-tomense residente em Angola, mas também dos familiares desses são-tomenses em São Tomé. Através do Ministério dos Negócios Estrangeiros nós temos recebido ´N´ pedidos de apoio para aquisição e compra da passagem de regressos. Mas a passagem em si nós não temos como suportar”.
De acordo com a embaixada de São Tomé e Príncipe, há mais de 24 mil são-tomenses a residir em Angola.