A Guiné-Bissau encerra hoje a campanha para as eleições gerais de domingo, 23 de novembro. Ao longo desta semana, a RDP África ouviu várias vozes que conhecem de perto a realidade política e social do país.
Aqui fica um apanhado dos “Destaques da Manhã“, numa semana marcada por apelos à estabilidade e leituras críticas do momento que o país atravessa.
No início da semana, ouvimos Braima Mané, economista e professor universitário, investigador na Luvain School of Management, na Bélgica, e professor convidado de Finanças na IESEG, em França. Partilhou a sua leitura sobre a atual presidência, alertou para o risco de fraude eleitoral, mas descreveu estas eleições como “uma bênção” e uma oportunidade para uma “segunda independência”.
No dia seguinte, foi a vez de Lesmes Monteiro, membro do Conselho de Estado e candidato às legislativas pela plataforma “Nô Kumpu Guiné”. O jurista, apoiante da recandidatura de Umaro Sissoco Embaló, analisou o processo eleitoral, criticou a oposição e apontou responsabilidades aos órgãos de comunicação social.
A meio da semana, ouvimos Sumaila Djaló, professor, investigador e doutorando, que traçou um retrato das condições sociais e políticas da Guiné-Bissau. Falou das incoerências do processo eleitoral, das fragilidades institucionais e da ausência de um candidato “desejável” para o país.
Quinta-feira trouxe uma perspetiva diferente, com Catarina Marques Rodrigues, jornalista especializada em género e desigualdade, que esteve recentemente na Guiné-Bissau. Descreveu aquilo que observou no terreno: limitações no acesso a serviços básicos, disseminação de desinformação, desigualdades profundas e um quotidiano marcado por dificuldades estruturais que continuam a condicionar a vida dos guineenses.
Ao longo da semana, estas vozes ajudaram a construir um retrato amplo de um país que volta às urnas numa conjuntura complexa, com expectativas elevadas e desafios persistentes.
No domingo, os guineenses escolhem o próximo Presidente da República e a nova composição da Assembleia Nacional Popular.
Todo o acompanhamento das eleições tem sido realizado à distância, depois de a RDP África ter sido impedida de trabalhar no país.