No Musseque, ou no centro da cidade, muitas são as torneiras que já não jorram água há vários dias. As torneiras secaram e a água está rara, uma situação que deixa aflita muitas famílias. Para quem já tem as contas apertadas, ainda tem de desembolsar alguns Kwanzas para a compra de água.
“Não temos água. Imagina daqui até à universidade com bidão de 20 litros. Por mês, comprávamos o bidão a 50 Kwanzas. Hoje um bidão passou a custar 150 Kwanzas”.
A Imprensa Pública de Águas do Luanda já veio reconhecer que há falhas no fornecimento.
“Admitimos que nos últimos dias o abastecimento de água tem sido feito com algumas restrições devido às horas de funcionamento de alguns centros, que têm sido reduzidas em função dos volumes de água disponíveis. Ou seja, algumas estações de tratamento de água estão a funcionar abaixo das suas capacidades de produção”.
Vladimir Bernardo, porta-voz da IPAL, a Empresa Pública de Águas do Luanda.
Em alguns casos, a situação obriga os cidadãos a recorrerem à água de caminhões cisterna.
O que nos foi revelado é que alguns destes caminhões são os mesmos utilizados para o transporte de água de limpeza da rede de esgote ou de fossas. Chamamos aqui atenção à sensibilidade do conteúdo dos áudios.
“O caminhão de água defesa é o caminhão que enche mais para levar a água das pessoas. Aqui mesmo, nessa empresa dos chineses, vão encontrar tales caros, que deitam aquele chupa-cocô, fica lá, depois mais tarde vão lá mais comprar água, vendem. Se não abrirem o olho, vão acabar de morrer cocô dentro”.
As dificuldades por que passam muitos cidadãos para ter acesso à água potável ou não potável em Luanda, numa altura em que se registra um surto de cólera, doença que está ligada às questões do consumo de água e ao saneamento básico.
José Silva – Correspondente RDP África