Mais de metade da população são-tomense não tem acesso a água potável, segundo dados da Empresa de Água e Eletricidade, EMAE. De norte ao sul do país milhares de pessoas consomem água do rio sem qualquer tratamento.
Entre os seis distritos de São Tomé, Lembá, Cauê e Cantagalo, são onde existem mais pessoas sem acesso à água potável.
“Quando chove, temos que ir rapidamente ao rio, ou ao chafariz, para apanhar água. Quando a água fica suja, não há nada que possamos fazer. É dessa água que bebemos: apanhamos, colocamos em baldes, e quando ela acaba, bebemos o que sobrou”.
A EMAE tem 16 sistemas de tratamento e abastecimento de água, mas a maioria data do período colonial.
De acordo com os responsáveis da EMAE, 40% da água potável que vai para a rede de distribuição não chega à casa dos consumidores, devido ao envelhecimento da conduta, sobretudo na cidade capital.
Adílio Abreu vive nos arredores da cidade de São Tomé e lamenta a incapacidade dos sucessivos governos para satisfazer um direito básico da população.
“Se os políticos governantes tivessem o objetivo de realmente irmos resolvendo os problemas básicos da população, certamente águas teriam sido incluídas em um desses problemas e nós já há tempo o teríamos resolvido. Falta de foco, falta de objetividade na resolução dos problemas básicos da população”.
O analista político Liberato Muniz também considera que há pouco interesse político em resolver um problema que, segundo ele, todos sabem que é a origem de um grave problema de saúde pública.
“Não há uma planificação em relação àquilo que é o futuro e não há uma preocupação com a saúde pública”.
De acordo com a previsão das Nações Unidas, São Tomé e Príncipe têm cerca de 230 mil habitantes. Deste número, e de acordo com a empresa de água e eletricidade, mais de metade não tem acesso à água potável.
Óscar Medeiros – Correspondente RDP África em São Tomé