Deposição de uma coroa de flores, descerramento de uma placa alusiva ao centenário e uma sessão cultural. Estes são alguns dos destaques de uma programação especial preparada pela Presidência da República para assinalar a passagem dos 100 anos do nascimento de Amílcar Cabral.
São crianças que cantam a Amílcar Cabral, herói do povo, mas afinal quem foi este filho de pais cabo-verdianos que há 100 anos nascia na Guiné-Bissau?
“É uma pessoa que lutou por nós pela independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau”.
Uma resposta simples a uma pergunta que tem despertado o interesse de dezenas de investigadores em várias universidades à escala mundial.
Um visionário, um homem bastante à frente do seu tempo, é assim que o historiador António Correia e Silva descreve o arquiteto das independências da Guiné-Bissau e de Cabo Verde.
“Os arquivos agora vão-se abrindo, os inéditos vão aparecendo e estaremos mais em condições de estimar a verdadeira obra de Amílcar Cabral”.
Em 1971, dois anos antes de ser assassinado, Amílcar Cabral concedeu em Londres uma entrevista ao arquiteto Pedro George e ao historiador José Medeiros Ferreira. Naquela que foi a sua última entrevista, Cabral foi claro: a luta era contra o regime fascista português.
“Se em Portugal se instalasse amanhã um governo que não fosse fascista, mas fosse democrático, progressista, reconhecedor do direito dos povos à autodeterminação e à independência, a nossa luta não teria razão de ser”.
Um pouco por todo o mundo, o legado de Cabral é celebrado através de concertos, exposições fotográficas, palestras e lançamentos de livros. O ponto alto das comemorações é, sem dúvida, o simpósio internacional que resgatou, por momentos, a ideia da unidade Guiné-Cabo Verde, pelo menos na organização conjunta do evento.
Carlos Santos – Correspondente RDP África