O chefe da missão do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime alertou para o risco de as províncias da zona norte de Moçambique serem palco do recrudescimento do tráfico de seres humanos. António de Vivo falava em Maputo.
Numa altura em que a província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, enfrenta uma nova vaga de ataques terroristas, com mais de 11 mil deslocados no distrito de Chiúre, o coordenador dos Escritórios das Nações Unidas sobre Droga e Crime lançou um olhar preocupante à situação.
“No mundo onde os conflitos e deslocamentos forçados atingem níveis históricos, sabemos que mais de 40 milhões de pessoas deslocadas no final de 2023 eram de uma das nacionalidades de países africanos. E em Moçambique, apenas na região do norte, estima-se que cerca de um milhão de pessoas foram deslocadas devido à violência extrema. Estas comunidades enfrentam uma vulnerabilidade estrutural, que é, infelizmente, um terreno extremamente fértil para as redes de tráfico”.
Para António de Vivo, o tráfico de pessoas é mais do que um crime e não pode ser tolerado.
“É uma violação gritante da dignidade humana. São vidas apagadas, sonhos interrompidos, famílias destruídas. E o que torna este crime ainda mais doloroso é que, muitas vezes, ele ocorre diante dos nossos olhos, silenciado pelo medo, pela pobreza, pelo estigma e pela impunidade”.
Nos primeiros três meses deste ano, Moçambique registou cinco casos de tráfico de seres humanos.
Orfeu de Sá Lisboa – Correspondente RDP África em Maputo