A Guiné-Bissau vive horas de grande incerteza política e militar. O anúncio oficial dos resultados provisórios das eleições presidenciais e legislativas, previsto para esta quinta-feira, poderá estar em causa, depois de confrontos armados e da intervenção de militares, que suspenderam o processo eleitoral e assumiram o poder.
Fernando Dias, candidato presidencial, divulgou uma mensagem nas redes sociais na qual pede ao povo e à comunidade internacional que não abandonem o país e exige a libertação de Domingos Simões Pereira e de Otávio Lopes, ambos do PAIGC. O candidato voltou a acusar Umaro Sissoco Embaló de montar “uma encenação” para evitar reconhecer a derrota.
O que aconteceu?
A instabilidade começou na quarta-feira, 26, véspera da divulgação dos resultados. Tiros na capital, homens encapuzados nas ruas e movimentações militares criaram um ambiente de confusão, com relatos contraditórios sobre o que realmente se passava.
O presidente cessante, Umaro Sissoco Embaló, prestou declarações à revista Jeune Afrique a dizer que tinha sido detido, no seu gabinete, no palácio presidencial, em consequência daquilo a que chamou um golpe de Estado.
Ao início da tarde, já depois das declarações de Umaro Sissoco Embaló, a RDP África falou com Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC, que rejeitou qualquer envolvimento do partido nos acontecimentos. Domingos Simões Pereira, relembrou também que toda esta crise favorece apenas um candidato.
Passadas poucas horas, o Alto Comando Militar para a Restauração da Segurança Nacional declarou que assumia o controlo do país. Anunciou o afastamento do Presidente Umaro Sissoco Embaló, a suspensão do ato eleitoral e o encerramento das fronteiras terrestres, marítimas e aéreas. Entre as medidas anunciadas está também um recolher obrigatório entre as 19h e as 6h.
À noite, fontes ligadas a Domingos Simões Pereira, avançaram nas redes sociais que o líder do PAIGC tinha sido detido em consequência de uma invasão brutal à Sede da Diretoria Nacional, no Bairro de Hafia. Foi também detido Otávio Lopes. Fernando Dias, na mensagem que divulgou uma mensagem nas redes sociais esclareceu também que conseguiu escapar e que está num lugar seguro.
Ainda não está claro o que está a acontecer e quem lidera esta operação, mas parte dos cidadãos acredita que o alegado Golpe de Estado não passa de uma encenação do presidente cessante Umaro Sissoco Embaló. Neste sentido, Aristides Gomes, ex-primeiro-ministro da Guiné-Bissau, denuncia uma inventona.
A Guiné-Bissau entra no segundo dia de tensão com militares a controlar o país, fronteiras encerradas e processo eleitoral suspenso. A comunidade internacional acompanha de perto, enquanto se aguardam novos desenvolvimentos e possíveis respostas das autoridades militares e políticas.