Na próxima terça-feira completar-se-ão os três anos dos fatídicos acontecimentos registados no Quartel-General das Forças Armadas (FARSTP) de São Tomé e Príncipe (STP), dos quais resultaram as mortes bárbaras, e em circunstâncias ainda por esclarecer, de quatro cidadãos civis são-tomenses, alegadamente implicados em ações com vista à alteração violenta da ordem constitucional.
Desde a primeira hora, sempre entendi que, da mesma forma que em democracia não podemos aceitar o recurso à violência e às armas para prosseguir fins políticos, também não podemos tolerar e fechar os olhos à barbárie e à prática de atos totalmente estranhos aos valores da fundação da nossa sociedade e, sobretudo, aos princípios e deveres consignados na nossa Constituição da República para com a dignidade da pessoa humana, independentemente da censura e do juízo de responsabilidade criminal a que todos os cidadãos estão sujeitos.
Por isso, três anos depois de um dos momentos mais trágicos e tristes da nossa história recente, é incompreensível constatar, através de uma sucessão de factos, situações e acontecimentos, muitos deles promovidos pelos poderes constituídos da República, que procuram, a todo o custo, não responsabilizar as mais altas patentes militares do nosso país envolvidos na tortura até à morte de cidadãos que se encontravam sob a guarda de uma instituição permanente do Estado.
Por mais manobras dilatórias empregues, ou movimentos de fuga para a frente e de diversão, os são-tomenses não se vão esquecer daquilo que aconteceu e que todos vimos e ouvimos através das redes sociais. Por isso, em nome da honra e da nobre missão que a Constituição confiou às FARSTP, bem como na confiança que necessariamente os cidadãos têm de ter e rever nas instituições do Estado são-tomense, é urgente que as pessoas com responsabilidades na governação, na investigação e na administração da justiça do nosso país cumpram os seus deveres e cumpram a Constituição e as leis da República.
Só através de um julgamento justo e exemplar dos militares envolvidos nas mortes do caso 25 de novembro será possível, a breve trecho, eliminar, em parte, o divisionismo maléfico instalado em STP.