A Assembleia Geral Anual das Nações Unidas está a ser marcada pela velha reivindicação africana de assentos permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Há mais de 20 anos que África tem essa reivindicação, que pelos mais variados motivos não tem sido atendida.
João Lourenço, presidente de Angola e presidente em exercício da União Africana, trouxe o assunto para a atualidade no seu discurso, o presidente queeniano William Ruto fez o mesmo e os argumentos são semelhantes.
África e o continente africano têm um papel fundamental em termos globais, na política internacional. Frequentemente as discussões do Conselho de Segurança envolvem justamente a África e a África, no fundo, não é tida nem achada.
Portanto, colocar a África como membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas não é um favor, é uma necessidade e até para bem das próprias Nações Unidas e do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Aliás, parece-me que não há muita polémica à volta disso, esta necessidade é reconhecida praticamente por todos. Alguns argumentam que a África não está unida, sim senhor, vamos dar os lugares, mas depois quem é que os vai ocupar?
África não se entende sobre isso, é a União Africana, é a Nigéria, é a África do Sul, é a Etiópia, o que é que vai acontecer com a África do Norte? Enfim, toda uma série de questões, mas parece-me que o mais importante é atribuir o lugar e depois a África seguramente encontrará uma solução para o efeito.
Mas se, por um lado, a África tem toda a razão e não reivindica nenhum favor ao querer estar no Conselho de Segurança das Nações Unidas como membro permanente, a verdade também é que a África precisa olhar um pouco para dentro. Compreendemos todos que queiram, mas é importante que a África olhe também um pouco para dentro.
A União Africana em termos de gestão de conflitos em África, em matéria de segurança, não fica muito bem na fotografia.
Penso que não chega apenas a reivindicar a nível internacional, e eu acho que tem razão, que merece, que não é nenhum favor, mas é importante também que a África olhe para dentro, olhe nomeadamente para a União Africana e que seja mais efetiva na solução dos conflitos africanos.
O que não tem acontecido. África é dos continentes onde há mais conflitos e não vemos a União Africana com força suficiente para contribuir para a solução desses conflitos. Pelo menos avaliar por aquilo que nós vemos.
É importante, sim senhor, reivindicar externamente, mas também olhar para dentro e tornar a União Africana mais eficaz, nomeadamente em termos de segurança.