Imagem de Candidatos 

Candidatos 

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As autárquicas de 1 de Dezembro marcaram definitivamente uma viragem na política Cabo-verdiana.  

Pela primeira vez desde que perdeu a Praia em 2008, o PAICV encontra-se em ascensão no plano autárquico; e – o que é fundamental perceber – em renovação no plano organizacional.  

O esgotamento interno do PAICV tornou-se evidente logo após  a última vitoria legislativa do partido, em 2011, sob a liderança de José Maria Neves. 

Quando Neves foi substituído por Janira Hopffer Almada na presidência do PAICV, Almada herdou todo o desgaste sofrido ao longo de três mandatos; e em 2016, a sua candidatura não logrou re-significar a imagem do partido. O mesmo aconteceu nas legislativas de 2021.  

Na verdade, a perda de terreno pelo MpD teve início logo nas autárquicas de 2020; Mas o balanço ainda pendia a favor da actual maioria, e a vantagem fundamental do MpD era que, pelas legislativas, o PAICV não se tinha renovado; tinha regressado ao embate com a mesma candidatura de Almada. 

 Agora,  

  • com uma segunda vitória de Francisco Carvalho na Praia;  
  • com uma segunda Vitória de Nuias Silva em São Filipe;  
  • com um presidente do partido, Rui Semedo, que liderou a organização numa vitória generalizada nestas autárquicas;  
  • e com uma Janira Hopffer Almada que não parece disposta a sair de cena,  

o PAICV parece ter um plantel muito mais forte.  

 A sociedade civil e a comunicação social já começaram a questionar cada um destes actores sobre as suas intenções no que respeita à liderança do partido; mas nenhuma das respostas foi clara.  

  • No dia 1 de Dezembro, no seu discurso de vitória, Francisco Carvalho não se dirigiu apenas aos munícipes Praienses; dirigiu-se a todos os Cabo-verdianos e, com isso, pareceu posicionar-se para a disputa interna que lhe abrirá o caminho para uma candidatura nacional em 2026; mas ainda sem qualquer anúncio formal.  
  •  Nuias silva parece acalentar a mesma ideia; mas com a mesma discrição.  
  • E Rui Semedo, quando foi questionado directamente sobre os seus planos pessoais e organizacionais, escamoteou teatralmente a questão.  

 Do lado do MpD, a mesma aparente indecisão: existem fortes correntes contra a actual liderança de Ulisses Correia e Silva; mas Paulo Veiga – a única candidatura que parece viável – resiste em posicionar-se claramente. 

Os políticos Cabo-verdianos parecem sofrer todos da mesma incapacidade de assumir os seus projectos eleitorais. Na verdade, essa timidez aparente não passa de um misto de estratégia e dissimulação; e é provável que este tique esteja ligado á forma interesseira como se faz política em Cabo Verde. 

 Se o político Cabo-verdiano tivesse uma verdadeira visão para o país, estaria ansioso por partilhá-la. Mas sendo que ele é visto, legitimamente, como um agente corporativo, completamente centrado em si próprio e na sua corporação, é natural que tenha pudor em demonstrar demasiada sede de liderança.