Prossegue a dança de cadeiras no governo angolano. Desta vez o salão de festas foi o Ministério do Interior. O Ministério do Interior em Angola é o Ministério da Polícia. O Presidente da República exonerou o Ministro do Interior e os seus dois secretários de Estado por conveniência de serviço.
Para substituir o Ministro do Interior, foi nomeado o Governador da Província de Luanda. Quer dizer que as alterações também envolveram os governos provinciais. E não foi apenas o Governo da Província de Luanda porque, para substituir o antigo Governador de Luanda, foi nomeado o Governador de Benguela.
E para Benguela foi nomeado o antigo Ministro de Estado e da coordenação económica, despedido há mais de um ano na sequência de uma grave crise cambial.
Pessoalmente já desisti ou quase desisti de perceber as alterações no Governo de Angola.
E não estou sozinho. Um jornalista angolano diz mesmo que para percebermos as atrações no Governo Angolano temos de recorrer às ciências ocultas.
Talvez não seja o caso.
O contrabando de combustíveis tem estado no topo da agenda política angolana.
O Ministro de Estado e chefe da Casa Militar da Presidente da República veio dizer que estão envolvidos no contrabando de combustíveis ministros, governadores provinciais, deputados, altas patentes das forças armadas e também da polícia.
Portanto, relacionar as mudanças no Ministério do Interior com o contrabando de combustíveis não é propriamente errado e até talvez tenha alguma lógica, já que o Ministério do Interior é o principal órgão de combate ao contrabando de combustíveis.
E ainda por cima, além das alterações no Ministério do Interior, também houve alterações ao nível do serviço de investigação criminal, da polícia de investigação criminal, e também do serviço de migração e estrangeiros, polícia de fronteiras.
Portanto, estas alterações no Governo Angolano estão muito provavelmente relacionadas com o combate ao contrabando de combustíveis.
Se estão relacionadas, como se pensa, podem fazer parte da estratégia, mas não vão resolver o problema do combate ao contrabando de combustíveis.
A principal razão do contrabando de combustíveis em Angola é o preço. A gasolina custa 30 cêntimos de euro, mais ou menos, em Angola e custa um euro nos países vizinhos da Angola, na República Democrática do Congo, na República do Congo, na Namíbia e na Zâmbia.
Enquanto não forem eliminados os subsídios dos combustíveis em Angola e aumentado o preço para um valor semelhante aos nossos países vizinhos, não vai haver combate eficaz ao contrabando de combustíveis.
Estas alterações, embora eventualmente necessárias, não passam de paliativos. A principal arma de combate ao contrabando de combustíveis é o preço, que deve ser elevado através da eliminação dos subsídios aos combustíveis.