O LAR, Lobito Atlantic Railway, assinou esta quarta-feira em Washington dois empréstimos no valor de 753 milhões de dólares destinados a modernizar a linha de caminho de ferro de Benguela. A linha de caminho de ferro de Benguela é a espinha dorsal do corredor de Lobito, um corredor muito mediático. Não há líder europeu ou americano que fale sobre relações com a África e que não mencione o corredor de Lobito.
E a linha de caminho de ferro é, de facto, a espinha dorsal desse corredor. Liga a cidade portuária angolana de Lobito ao Luau, que é na fronteira com a República Democrática do Congo. Depois a linha prossegue em território da [República Democratica do Congo] RDC, depois desce para a Zâmbia e na Zâmbia tem ligação com outro caminho de ferro que é o Tazara, que liga a Zâmbia à Tanzânia. Potencialmente este corredor do Lobito mais o Tazara ligam o oceano Atlântico ao oceano Índico, portanto, uma infraestrutura muito importante para o desenvolvimento de Angola e também para o desenvolvimento da África.
Este empréstimo já estava anunciado, mas nos últimos tempos surgiram muitas dúvidas sobre se o empréstimo seria efetivamente concedido. Dos 753 milhões de dólares, 553 milhões são financiamento americano, através da Corporação Financeira para o Desenvolvimento Internacional e com a chegada de Trump ao poder, surgiram uma série de dúvidas. Mas finalmente o acordo foi assinado.
O acordo é assinado poucos dias depois de ser conhecida a estratégia de segurança americana e que, relativamente a África, em 33 páginas, dedica apenas meia página a África.
Nessa estratégia, está definido que África serve, sobretudo, como fonte de recursos naturais e é uma espécie de campo de batalha entre a China e os Estados Unidos na busca por recurso naturais.
O acordo foi assinado e olha-se, sobretudo, para o corredor de Lobito, para o caminho de ferro de Benguela, como uma passagem para os minerais.
Eu tenho uma opinião diferente, sem prejuízo de ser uma passagem para os minerais, cabe agora a Angola e aos angolanos definirem uma estratégia para aproveitamento nacional do caminho de ferro de Benguela e do corredor de Lobito, porque, efetivamente, a linha pertence a Angola, está apenas concessionada.
Se serve para transportar minérios, também serve para transportar mercadorias, serve para transportar passageiros, isto é, serve para o desenvolvimento da Angola. E, portanto, é necessário que os angolanos saibam aproveitar esta oportunidade e aproveitem aquilo que é uma modernização, a pensar apenas nos minérios, para trazer para seu favor estes investimentos.
Aquilo que transporta minérios, também transporta mercadorias, também transporta pessoas, no fundo, pode servir para o desenvolvimento da Angola.
Eu diria mais, não apenas o desenvolvimento da Angola, mas o desenvolvimento de Africa.