Imagem de Mais uma cerimónia de abertura de Ano Judicial em STP 

Mais uma cerimónia de abertura de Ano Judicial em STP 

Imagem de Mais uma cerimónia de abertura de Ano Judicial em STP 

Mais uma cerimónia de abertura de Ano Judicial em STP 

Uma vez mais, sem grandes surpresas, pudemos todos ouvir os mesmos discursos de sempre por parte dos titulares dos órgãos de soberania de São Tomé e Príncipe (STP) a respeito do descrédito que parece ter tomado conta do sistema de justiça do nosso país.

Uma vez mais, a abertura do ano judicial em STP ficou marcada por uma assinalável sensação de que todos têm consciência de que falharam aos seus deveres para com o processo de construção de uma justiça que se quer independente, autónoma e comprometida única e exclusivamente com a legalidade e com a defesa do Estado de Direito.  

Mais do que reclamar por mais e melhores condições de trabalho para os atores judiciários, tornar a justiça são-tomense mais credível e guardiã dos pilares da democracia e do Estado do Direito exigirá que todos os agentes ao serviço do poder judiciário confiram mais efetividade às leis existentes no nosso ordenamento jurídico e, de igual modo, que atuem segundo a sua consciência moral, que, não raras as vezes, vale mais do que a lei.  

Independentemente do que disser o Presidente da República, o Primeiro-Ministro, o Procurador-Geral da República, o Presidente do Supremo de Justiça e o Bastonário da Ordem dos Advogados, a justiça são-tomense só terá credibilidade e servirá o país e as suas gentes quando houver um verdadeiro pacto de compromisso, no qual se estabeleça uma separação efetiva entre a atividade político-partidário e realização da justiça.  

As fragilidades da nossa justiça só serão tratadas quando se tornar a nossa justiça e o seu funcionamento estiver mais alinhado com os valores da nossa Constituição, afastando-a do círculos e jogos de interesses pouco republicanos que matam a confiança que os cidadãos comuns deveriam reconhecer aos tribunais de STP. 

 Devolver a credibilidade à justiça em STP deve ter como correspondente necessário o resgatar os valores que caracterizam um Estado de Direito, conforme reza o artigo 7º da nossa Constituição, promovendo reformas sérias e legais que congreguem a contribuição de especialistas das ciências jurídicas, evitando, dessa forma, a manipulação patrocinada pelos interesses dos comissários políticos.  Só assim, acredito, será possível fazer cessar o apetite do poder político em interferir na justiça em STP.