Após a sua missão do alto nível no passado dia 01/12, na sequencia dos acontecimentos na Guiné-Bissau, CEDEAO ouviu e conversou com o autointitulado “Alto Comando Militar” que, por via de força decidiu interromper o processo eleitoral, ou se quisermos ser mais, digamos corretos, proibir a divulgação dos resultados oficiais das últimas eleições, tornar público quem foi de fato o vencedor, visto que apenas restava horas para o dia e hora determinada pela Comissão Nacional das Eleições para anuncio dos resultados.
O Alto Comando Militar (sob Comando de Horta-Inta) reivindicou para si todas prerrogativas e competências no momento, ao suspender e interromper o processo eleitoral, criou-se uma crispação política, social e internacional.
Crispação Política: porque um processo político, eminentemente político, acabou por uma intervenção militar indesejada e mais, se quisermos, podemos perguntar- a interesse de quem? Visto que, mesmo tendo dito que destituíram o Umaro Sissoco Embalo, não é bem o que parece ser, não existe nenhum sinal de pressão sobre e em relação a entourage de USE, pelo contrário, os homens leais, mais leais a ele, estão no topo e assumiram a direção no governo, enquanto a oposição, que nos contextos similares, que deveriam estar interessadas no golpe, encontram-se detidos. Paradoxal.
Há um outro elemento que constrange o argumento do golpe, ao ser nomeado Ministro Comunicação Social, Diretor da Rádio que todos sabem pertencer USE Ministro de Comunicação Social, isto plasma a realidade que o presidente Goodluck Jonathan chamou de “Golpe Cerimonial”, pois é, é o que parece de fato.
Crispação Social, porque a sociedade guineense entrou em pânico e em suspense ao mesmo tempo, ninguém sabe, pela natureza das coisas na Guiné-Bissau, o que se sucederá no futuro próximo, nomeadamente após a Cimeira, ou antes mesmo da Cimeira, toda esta realidade criou um ambiente de suspense em todo o país.
Ao nível internacional, o circo parece apertar, há inquietações e dúvidas, mas até presente momento, a posição esperada por parte da CEDEAO é aquela inicial, da intransigência com interrupção do processo eleitoral, de restabelecer a ordem constitucional e libertar os presos políticos. Ainda, ouviu-se e não se para de ouvir, vozes que contam ao nível da comunidade política africana, tirando Presidente Jonathan e Filipe Nyusi que estavam e estão implicados no processo, o presidente de Conselho de Assuntos de Paz e Segurança da CEDEAO, é umas vozes que, fazendo o coro, colocou acento tónica nas desmistificando as narrativas do que seria um golpe contra USE.
Perante esta realidade, após a sua missão como já disse, CEDEAO tem agendada para dia 14/12 a cimeira, com especial foco e atenção na crise que se instalou no país.
Não obstante a tudo isso, em Bissau, como tem sido habitual, ultimamente nestas circunstâncias, a vida voltou a sua normalidade, embora todos anseiam o dia 14/12, o que dirá CEDEAO sobre toda a situação vigente ditará o futuro para o país. Embora imprevisível, até lá…