Num contexto normal, durante as eleições, o debate normalmente se centrar e concentra no país, nos problemas do país. Infelizmente, historicamente, os debates políticos na Guiné-Bissau são duma pobreza tamanha. Guiné-Bissau necessita e precisa de um presidente que saberá entender a Guiné-Bissau numa perspetiva mais sociológica política, as especificidades do povo, sensibilidades, nuances, a idiossincrasias, desafios e necessidades diversas, de modo a se poder melhor interpretar e representar o país no seu todo.
Para isso, o perfil conta e é muito importante,
Depois de Luís Cabral e Nino Vieira, primeiro e segundo presidente guineense, ambos produtos de processo de luta de libertação, a Guiné-Bissau nunca conseguiu, após abertura política, para não dizer democrática, ter um presidente que conseguiu exercer uma magistratura que advogue no sentido de estabilidade, de aglutinar as sensibilidades divergentes, de ser capaz de reivindicar o soft power diplomático que o país granjeou, graças ao Amílcar Cabral, no contexto da guerra fria. Nunca conseguiu ter um presidente que fosse de fato supra-parte e tampouco garante da Constituição. Faltou e tem faltado a Guiné-Bissau um presidente a altura do cargo e dos desafios do estado de Guiné-Bissau.
Unidade e Luta, a divisa de Guiné-Bissau, e divisa que sustentou o processo da luta armada de libertação, em que se confluíram todos os grupos sociais e étnicos, esta divisa, deve obrigatoriamente acompanhar os presidentes de Guiné-Bissau. Infelizmente não tem sido assim. Infelizmente.
O último presidente cessante, Umaro Sissoco Embalo, o mais jovem presidente de Guiné-Bissau, poderia ser um interprete dos desígnios que fundaram o estado guineense, por pertencer uma nova geração dos guineenses, infelizmente, toda a sua presidência foi contraria dos valores e princípios que fundaram o Estado guineense. E, mais, não se compreende, não se pode entender, por que razão vezes sem conta USE não perde e nunca perdeu a oportunidade de atacar a nacionalidade de Amílcar Cabral, a sua identidade, um debate já há superado, que sentido isso tem, para ele, colocar em causa o fundador da nacionalidade guineense? Quererá os guineenses um presidente que não se revê na própria história do país? Ou, melhor, a Guiné-Bissau merece um presidente que não reconhece os feitos de Amílcar ao ponto de igualá-lo ao Nino Vieira? Será?
Como se viu, antes de ontem, USE volta a fazer o mais do mesmo, colocar em causa Amílcar Cabral.
Contudo, espero que o debate possa subir de nível, embora tenho a consciência de estar a pedir muito, mas os guineenses merecem um debate mais sério e real. Precisam saber quem, dentre os candidatos, está comprometido com as leis da República, com os valores do Estado. Que irá permitir que a sociedade guineense possa ser uma sociedade onde o Direito e as leias orientam as coisas, que não possa existir forças que torturam as pessoas e que o estado não possa identificar. Como tem ocorrido.
Guiné-Bissau conta com inúmeras potencialidades que possam catapultar o país para ser uma economia atraente e estratégico na sub-região. Mas será preciso que homem e a mulher guineense possam entender que não há solução fora da política. Como tenho dito e insisto até aqui, o que se faz na Guiné-Bissau, nada tem a ver com a política.
Finalizo dizendo o seguinte: o próximo presidente da República terá em suas mãos duas escolhas:
1.Ser mais um presidente numa espécie de o mais do mesmo…presidente dos atropelos e absurdos ou,
2.Entrar para História como o presidente que os guineenses há tanto esperavam.
A ver vamos…