Guiné-Bissau é membro fundador da CPLP em 17 de julho de 1996, altura Nino Vieira era o presidente da Guiné-Bissau, aliás, viria a receber, pela primeira vez a Cimeira de CPLP em 2006. Na altura teve a presença de presidente Lula e os demais presidentes dos países membros.
Antes da independência, Guiné-Bissau liderou e deu suporte Diplomático a quase boa parte dos países da língua oficial portuguesa. Liderança de Amílcar Cabral, ainda no processo de luta de libertação nacional, nomeadamente com a criação da FRAIN da qual foi presidente e assim como da CONCP, orientou, liderando o PAIGC, boa parte da política diplomática dos partidos libertadores, basta recordar um conjunto de eventos e encontros diplomáticos em que a Diplomacia guineense, mais tarde, ou mesmo na gestação, posso assim dizer, levou as costas os demais países.
E mesmo na fase das negociações para o reconhecimento das independências, colocou na mesa a preocupações das outras Ex-colonias de Portugal, aliás, foi o único que se autoproclamou, usando as expressões de Amílcar Cabral, sem esperar pelo consentimento das autoridades coloniais. Obrigando que Portugal, um ano mais tarde, reconhecer apenas, por mera formalidade, pois o mundo, mais 80 países, incluindo Brasil e Reino Unido, já reconhecia o feito da Diplomacia guineense, que na zona libertada, na mata proclamou a existência do Estado.
Portanto, para dizer, que todos os sinais que a Guiné-Bissau emitiu no limiar da Independência foi de um país que se preparava e se organizava para se afirmar enquanto um Ator na sua comunidade e assim como nas suas zonas de integração. Infelizmente, isto não aconteceu.
Paradoxalmente, por razões diversas o país se descarrilou-se, tomou rumos impensáveis e acabou por ser esta Guiné-Bissau de que se fala e se questiona se pode de fato receber a Cimeira de CPLP?
Dividiu a opinião não apenas dos analistas e ativistas políticos, mas também dos atores políticos e governos, foi até motivo de farpas no passado entre governantes, nomeadamente o próprio Secretário Executivo cessante e governantes de Timor Leste com autoridades da Guiné-Bissau, enfim, uma situação complexa. No fim, foi uma Cimeira que, de fato, a autoridade de fato de Guiné-Bissau queria organizar, mas foi uma Cimeira que gerou mais divergência e, por fim, toda tenção e polemica que caraterizou a Cimeira de Bissau foi coroada pela ausência de Presidente de Angola, Portugal e Brasil, aliás, este último teve uma participação tímida.
Guiné-Bissau foi sempre um assunto complexo nas relações internacionais, por várias e diversas razões. Para bem e para o mal, este é e será a Guiné-Bissau coma qual ainda as suas zonas de integração e espaços comunitários terão de liderar. No caso, em particular da CPLP, a situação deve interpelar a Comunidade no sentido de que, é preciso terminar com esta…digamos tomar os assuntos da Guiné-Bissau como um mero entretimento. Pela história, é preciso lançar um olhar diferente sobre o país, nomeadamente nas questões que têm a ver com o fortalecimento e respeito pelas instituições estatais e garantis dos direitos fundamentais, nomeadamente Direitos Humanos.
Diferente de discurso de alguns revoltosos de Bissau, continuo a acreditar que sim, a Guiné-Bissau precisa da Comunidade Internacional, nas questões que acabei de frisar.