A caminho das celebrações dos 50 anos da Independência de São Tomé e Príncipe (STP), o nosso país continua, infelizmente, a dar mostras de ter muitas dificuldades em encontrar o seu próprio rumo, sustentado, com vista a efetivar um real desenvolvimento socioeconómico. A falta de uma orientação clara para o país é justificada, em grande medida, pela mais do que demonstrada falta de compromisso com o interesse e causa pública que todos vimos assistindo ao logo de vários anos pelos mais diversos atores políticos da nossa República.
As recentes notícias que dão conta dos problemas identificados pelo atual Governo e pelo Tribunal de Contas face ao Contrato de produção e fornecimento de eletricidade à EMAE, através da Tesla STP, e que fora assinado pelo XVIII Governo, é apenas mais um capítulo bastante sintomático da falta que faz os Governos adotarem os seus modelos de governação assentes nas melhores práticas de boa governação.
Todos os são-tomenses sabem e conhecem de fundo os problemas associados ao sistema de abastecimento de eletricidade em STP. Todos temos perfeita noção de que, infelizmente, a rede elétrica são-tomense é deficitária porque, infelizmente, está enraizada nas várias estruturas da empresa responsável pela gestão e distribuição da eletricidade práticas de má gestão, falta de transparência, abuso de poder e desvio de recursos, conduziram a EMAE até ao ponto em que chegamos: total incapacidade de prestar, com qualidade, eficácia e eficiência um serviço essencial ao regular funcionamento da economia e da vida dos são-tomenses.
Contudo, mesmo quando se buscam soluções com vista a solucionar problemas de fundo e estruturais num sector crítico como é o da eletricidade em STP, há que se ponderar, sopesar custos e benefícios da decisão que se pretender tomar e, tendo como fiel da balança, buscar proteger o equilíbrio financeiro e os superiores interesses do país.
No ano em que celebramos os 50 anos da nossa independência, creio ser unânime a certeza de que STP só conhecerá a sua independência socioeconómica se apostar na iniciativa privada e na captação e fixação de investimentos estrangeiro. Todavia, mesmo que seja para avançar rumo ao desenvolvimento, STP não deve avançar a qualquer custo. Antes de disso, é fundamental resolver dois grandes problemas de sempre: a falta de compromisso e ausência de transparência na gestão da coisa pública.