Os angolanos foram surpreendidos com uma nova remodelação governamental. Eu não sei propriamente se os angolanos foram surpreendidos, uma vez que as remodelações governamentais em Angola são o pão-nosso de cada dia. Detendo-me só ao nível dos ministros, este ano de 2024, já houve seis remodelações envolvendo oito mudanças de ministro, duas no mesmo ministério.
O ano começou com mudanças ao nível da Economia e Planeamento. O ministério passou a chamar-se apenas Planeamento, as funções da economia foram para o ministério da Indústria e Comércio e entrou um novo ministro para o Planeamento. Em Fevereiro, foi a vez da Juventude e dos Desportos com a entrada de um novo ministro para a pasta.
Em Março, o ministério da Cultura e Turismo foi dividido em dois. Ficou como ministro da Cultura o anterior titular da Cultura e Turismo, e entrou um novo ministro para o Turismo. Em Julho, foi a vez do Ensino Superior com a entrada de uma nova ministra.
No final de Outubro, foi a vez do ministério do Interior: saíu o ministro e entrou um novo. E ontem, dia 20 de Novembro, foi a vez dos ministérios da Agricultura e novamente do Ensino Superior. Sendo que a ministra do Ensino Superior permaneceu apenas 4 meses e 4 dias como ministra.
Há outra característica que envolve estas alterações: além da frequência, é a forma como elas são anunciadas. Diz-se que, normalmente, os ministros só tomam conhecimento de que são exonerados através da comunicação social e das redes sociais. Aliás, não é apenas quando saem, mesmo quando entram, alguns ministros só tomam conhecimento da sua nomeação através da comunicação social e das redes sociais.
Mas estas remodelações ao nível do governo não afetam toda a gente. Há ministros que permanecem uma eternidade, por exemplo, o ministro da Energia e Água está no cargo há mais de 10 anos, e depois há aqueles ministros que são frequentemente mudados. É o caso da ministra do Ensino Superior, que permaneceu no cargo apenas 4 meses e 4 dias.
Estas sucessões de remodelações, a conta-gotas, envolvendo vários ministérios, com oito mudanças em 11 meses num governo de 24 ministros, de alguma maneira justificam a situação em que Angola se encontra, pois, esta instabilidade ao nível ministerial acaba por se refletir nos resultados dos ministérios, que, naturalmente, não são os melhores.