Fruto de um longo e penoso processo de enfraquecimento, desgaste e manipulação das instituições permanentes do Estado, acompanhado pelo constante clima de instabilidade política e governativa, o nosso país tarda em dar sinais de mudanças na forma como se faz política, se governa e se projeta a construção de uma nação verdadeiramente próspera.
Não podemos negar que, infelizmente, 50 anos depois de o nosso país se ter tornado independente, não fomos capazes de lançar as bases para a construção e consolidação de uma verdadeira Nação. Uma Nação unida e focada em construir uma sociedade onde todos nós pudéssemos viver em paz e tirar partido de todas as maravilhas que só se encontram nas nossas ilhas maravilhosas.
Paradoxalmente, fomos e temos sido incapazes de saber tirar partido da nossa localização geográfica, da nossa juventude e de explorar e rentabilizar, com responsabilidade, os vários recursos naturais de que dispomos. Inexplicavelmente, continuamos a negligenciar aquele que pode ser verdadeiramente o setor motor da nossa economia: o turismo sustentável.
Enquanto o mundo avança em várias frentes, com a tecnologia a operar mudanças estruturais nunca vistas, em STP o tempo parece ter parado. A luta do poder pelo poder, sem um porquê ou um objetivo comum e compartilhado de projeto de sociedade, tem conduzido a República e os poderes constituídos a um estado de degradação ética, moral e reputacional de que não há memória. O respeito, a lealdade institucional e política são uma utopia, ao passo que o descontentamento e a revolta começam a tomar conta das populações, o que depois resulta em discursos cada vez mais inflamados contra o Governo, a Presidência da República e até contra os Tribunais.
Cada vez mais, paira na nossa sociedade a sensação de que, infelizmente, o Estado, através das suas principais estruturas governativas, parece ter-se demitido das funções e de resolver efetivamente os problemas reais da vida das pessoas. Parece anedótico, mas, em 2025, continuamos a ter problemas de fornecimento de energia elétrica e de abastecimento de água potável. O único Hospital Central do país, que vem da era colonial, mostra-se cada vez menos capaz de responder às necessidades básicas das nossas populações em matéria de saúde.
Numa altura em que a pobreza afeta mais de 60% da nossa população, ao observar o comportamento e as opções feitas pelos mais altos dirigentes do Estado são-tomense, ficamos com a sensação de que os mesmos parecem viver numa autêntica bolha, distante dos reais problemas que afetam a maioria dos comuns são-tomenses.
A República está, infelizmente, num processo de fragmentação política, social e económica e, se nada for feito, as consequências serão catastróficas para o nosso futuro coletivo.