Moçambique está vulnerável ao aumento misterioso de ciclones que devastaram o norte do país em apenas 3 meses. Esta implacabilidade climática num dos territórios mais desfavorecidos do planeta deixa as populações em perigo e está a desafiar o centro de monitorização de ciclones na ilha da Reunião.
A meio de dezembro foi o Chido que primeiro devastou Mayotte e na passagem por Moçambique deixou um rastro de destruição e morte, pelo menos 120 óbitos.
Em janeiro foi a vez do Dikeledi e quase na mesma zona, na semana passada, o Jude, com rajadas que quase chegaram aos 200 km por hora, mais mortos, 16, 40 mil casas destruídas.
Moçambique vive uma verdadeira série dramática de impactos ciclónicos, diz Sébastien Langladem. Ele é o responsável pela previsão do Centro Meteorológico Regional Especializado de Reunião.
Desde 2019, oito ciclones já atingiram o território moçambicano. Não há precedente na história do país, sublinha, e isto é uma tendência inquietante que exige investigação.
O canal de Moçambique, com águas habitualmente mais quentes, é um dos fatores. Elas funcionam como um combustível energético dos ciclones, mas são necessários também outros ingredientes atmosféricos, como lhe chama Sébastien.
Com o aquecimento do planeta, estes fenómenos intensos podem aumentar.
Paula Borges – Jornalista RDP África
Reprodutor de áudio